Fonte solar fotovoltaica é nova aposta para expandir mercado livre com 2GW negociados este ano

09/11/18 | São Paulo

A solar fotovoltaica é a mais nova aposta brasileira para expandir o mercado livre de energia. A competitividade da fonte é vista pelas comercializadoras como estratégia de crescimento dos negócios no Ambiente de Contratação Livre (ACL).
 
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o País deve fechar o ano com cerca de 2 mil megawatts da fonte solar fotovoltaica negociados no mercado livre de energia. Para o CEO da entidade, Dr. Rodrigo Sauaia, o preço da solar fotovoltaica negociado no último leilão de energia nova, em abril deste ano passado, a R$ 118,07 o MWh, pode ser considerado um divisor de águas para a fonte no Ambiente de Contratação Livre.
 
“O fato de a solar fotovoltaica ter vendido energia elétrica a preços inferiores aos praticados por outras renováveis, como CGHs, PCHs e biomassa, sinalizou a competitividade da fonte para ser negociada pelas comercializadoras no ACL”, comenta. “Este ganho de competitividade é fruto da redução de preços dos equipamentos, recuperação da moeda brasileira frente ao dólar e acirrada competição entre os empreendedores”, acrescenta Sauaia.
 
O presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, avisa que a entidade tem recomendado algumas propostas prioritárias no sentido de consolidar a fonte solar fotovoltaica no mercado livre. “Entre elas, estruturação financeira adequada, implantação de projetos, conexão com rede básica e regras claras de comercialização”, aponta.
 
Já o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, lembra, todavia, que a entrada do chamado “preço-horário” no sistema de cálculo do setor elétrico, previsto para 2020, será um avanço regulatório para o País. “Certamente, a entrada em vigor do ‘preço-horário’ vai favorecer ainda mais a fonte solar fotovoltaica no mercado livre de energia”, comenta. “Nossa perspectiva é que a solar fotovoltaica será, em pouco tempo, fator determinante para a expansão da oferta em todo o Ambiente de Contratação Livre”, completou.
 
O coordenador do grupo de trabalho de geração centralizada da ABSOLAR, Eduardo Miklos, lembra, no entanto, que ainda há alguns desafios a serem superados na geração solar fotovoltaica para o ACL. “Talvez o principal seja a incerteza quanto a garantia de conexão, já que a emissão do parecer de acesso pode levar até um ano e durante este tempo poderá ocorrer leilões de margem no ACR que terão preferência na conexão.  Além disso, não há tratamento para o constrained off (restrição de despacho devido a restrições da transmissão) no ambiente livre, podendo o gerador ficar exposto ao mercado de curto prazo”, explica.
 
“É fundamental criar instrumentos legais e regulatórios que garantam a isonomia nos processos e procedimentos entre os ambientes livre e regulado”, diz. Cita também que "o mercado está passando por uma forte mudança, é necessário criar novas soluções de financiamento e PPAs para tornar o mercado mais dinâmico".
 
Encontro com autoridades
 
Para debater o futuro da fonte solar fotovoltaica no mercado livre de energia, a ABSOLAR e a Abraceel promoveram um encontro esta semana em São Paulo com agentes do setor elétrico e autoridades de governo, entre eles o Ministério de Energia Elétrica (MME), o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
 
Na ocasião, foram debatidas questões como contratos (PPAs) no ACL, propostas de isonomia entre os ambientes regulados e livre e novos modelos regulatórios que permitam a expansão da fonte solar fotovoltaica do próprio ambiente de negócios no mercado livre. 
 
Sobre a ABSOLAR
Fundada em 2013, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) congrega empresas e profissionais de toda a cadeia produtiva do setor solar fotovoltaico com atuação no Brasil, tanto nas áreas de geração distribuída quanto de geração centralizada. A ABSOLAR coordena, representa e defende o desenvolvimento do setor e do mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil, promovendo e divulgando a utilização desta energia limpa, renovável e sustentável no País e representando o setor fotovoltaico brasileiro internacionalmente.