Economia verde e desenvolvimento sustentável serão necessários na pós-pandemia em SC

09/10/20 | São Paulo

Notícias do Dia 

O futuro é verde, não tem jeito. Precisamos nos adaptar e melhorar ou, então, corremos o sério risco de novos vírus, e fome a ser ainda maior. Mas com a urgência em salvar vidas nos hospitais, recuperar postos de empregos perdidos durante a crise e decidir onde priorizar os investimentos, a questão ambiental pode ficar em segundo plano. Especialistas alertam, porém, que a sustentabilidade precisa estar no topo da lista de prioridades pós-pandemia não só nos países mais desenvolvidos, mas também no Brasil e, em cheio, em .

A ONU (Organização das Nações Unidas) já anunciou a necessidade de mudanças. A OMS (Organização Mundial da Saúde) concordou e, em maio, afirmou que a pandemia só terá fim com mudanças no estilo de vida da população. O novo coronavírus já levou à morte mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo. Na economia, o planeta vê uma retração de 3% até o fim do ano.

Para o especialista em sustentabilidade, Hans Michael Van Bellen, o momento proporciona uma grande oportunidade para se discutir meio ambiente em várias esferas. No entanto, o professor do departamento de Engenharia do Conhecimento da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), acredita que isso depende da escolha do poder público, sociedade e empresas.

“Tem uma discussão maior [a nível global], mais isso não é garantia que todos os países vão escolher este caminho, tanto é que no Brasil eu ainda não vejo essa reflexão de a gente pensar em um novo modelo”, afirmou. “É uma oportunidade, mas se a gente vai abraçar isso é uma questão de escolha”, comenta o estudioso que coordena também o Grupo de Pesquisa Observatório da Sustentabilidade e Governança da UFSC.

Coordenador de desenvolvimento sustentável e ambiental da Epagri, Darci Pitthon vê como alternativa de um futuro menos tempestuoso uma economia de baixo carbono – que adota tecnologias que emitem menos CO² e outros poluentes.

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“O mundo pós-pandemia vai precisar falar sobre isso. Já que nós fomos obrigados por causa da pandemia a diminuir drasticamente o nosso ritmo de crescimento, por que não aproveitar isso e fazer um crescimento mais sustentável”, propõe o especialista.

Apesar de ainda impopular, o engenheiro agrônomo acredita que Santa Catarina tem um enorme potencial ao adotar a prática: “Nós temos condições de focar a nossa fonte energética de outras formas”, elenca Darci como alternativa às poluentes hidrelétricas. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Santa Catarina é o quarto Estado do país com o maior número de unidades consumidoras com sistemas fotovoltaicos. Os dados são de 2019.

Além da expressiva capacidade do Estado em gerar energia por meio das placas solares, Darci cita também um projeto pioneiro em Santa Catarina que transforma dejetos de suínos em biogás. “Isso está em fase de projetos, mas é importante investir nisso”, conta o engenheiro.

A iniciativa pode ser usada para movimentar o maquinário de granjas ou até mesmo fazenda inteiras, acredita Darci. Junto com a Epagri, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) trabalha para popularizar a ideia.

Focada na sustentabilidade, Florianópolis quer se tornar uma Capital Lixo Zero. Nesta corrida, a cidade também discute os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). A sigla que elenca as metas para um planeta mais responsável e cuidados com o meio ambiente foi criada pela ONU e é almejada por diversos países, estados e municípios.

Conforme o professor Hans Michael Van Bellen, que participa das discussões da ODS na Capital, a Covid-19 tem refletido na agenda dos objetivos. “Esse contexto está fazendo com que a gente se sinta mais influenciado por esta questão sanitária”, conta.

Referência em tecnologia e inovação, a Alemanha também sofre a crise do coronavírus. Contudo, o governo já apresentou um pacote econômico com a solução que é, em especial, verde. O grande projeto para o futuro do país, com R$ 130 bilhões de euros, é gerar mais empregos e negócios no setor sustentável.

No Brasil, a adoção de opções de economia verde pode aditivar R$ 2,8 trilhões aos cofres, com a geração de dois milhões de empregos até 2030. A conclusão foi apresentada no estudo ‘Uma Nova Economia para uma Nova Era: Elementos para a Construção de uma Economia Mais Eficiente e Resiliente para o Brasil’.

O estudo liderado pelas ONGs WRI Brasil e New Climate Economy foi assinado por pesquisadores de seis instituições nacionais e entregue ao Ministério da Economia no último mês. Entre as propostas, a análise mostrou que o primeiro passo seria conter o desmatamento nas florestas do país.