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Armazenamento é a solução para o curtailment

Baterias são apontadas como opção viável para mitigar cortes de geração

Um ponto foi convergente nas discussões do evento “Hidrogênio Verde & Armazenamento ABSOLAR”, realizado na Fiesp, em São Paulo nesta terça-feira, 30 de setembro: o uso de baterias é fundamental para evitar a recorrência de cortes de geração de energia, principalmente da fonte solar fotovoltaica.  

O curtailment tem gerado prejuízos bilionários aos geradores das renováveis. Desde outubro de 2021, as perdas acumuladas chegam a R$ 6 bilhões, segundo a Volt Robotics. Somente no mês de agosto, de acordo com o ONS, as usinas solares sofreram cortes de 36% de seu potencial de geração: foram 1,3 mil GWh desperdiçados, gerando perdas equivalentes a R$ 240 milhões. 

Na luta pela regulamentação do armazenamento 

O Presidente Executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, reforçou a importância da regulação infralegal do armazenamento e elogiou os avanços do texto da CP 39/2023 na Aneel durante a relatoria do então diretor Daniel Danna. Falou da expectativa de que o Leilão de Reserva de Capacidade para armazenamento ocorra em 2026. 

Danna, agora Secretário-Geral da agência reguladora, apresentou a estrutura da Aneel e enfatizou a composição da matriz elétrica brasileira, referência em renovabilidade no mundo. Também trouxe uma linha do tempo da discussão da regulamentação do armazenamento no País e falou da retirada de barreiras regulatórias. 

Henrique Reis, sócio da Demarest debateu os pontos que necessitam de regulamentação legal, como a criação do agente armazenador, e quais elementos podem ser regulados de maneira infralegal. Apresentou exemplos de regulamentação para armazenamento em outros países. 

A solução vem das baterias 

O Líder de Produto no Brasil da Aurora, Matheus Dias, acredita que as baterias são a solução para o problema do curtailment. Segundo Dias, a despesa com capital (Capex) ainda não justifica a instalação de baterias junto a usinas solares para a mitigação dos prejuízos dos cortes de geração, sendo seu principal mercado o de capacidade. Em seu ponto de vista, as baterias se viabilizam com o empilhamento de várias receitas. 

Donato Filho, CEO da Volt Robotics, falou da necessidade de flexibilidade do sistema elétrico e como as baterias podem auxiliar no processo de modernização. Mostrou que os finais de semana e feriados viraram problemas para o setor por conta dos cortes de geração por falta de demanda. Disse ainda, que na maioria dos dias, as usinas eólicas e solares têm gerado menos energia elétrica do que poderiam. Em contrapartida, para atender à ponta da rede de distribuição estão sendo acionadas as usinas térmicas.  

Armazenamento de energia e operação do sistema elétrico 

No quarto e último painel do evento, que foi aberto pela Diretora Técnico-Regulatória da ABSOLAR, Talita Porto, Sumara Ticom, da Assessoria Executiva da Diretoria de Planejamento do ONS, falou das necessidades de cortes de geração para manutenção da frequência e tensão do sistema elétrico e do desafio para que se possa mitigar esses cortes. De acordo com Sumara, a matriz elétrica brasileira deve crescer nos próximos anos em função do avanço da energia solar, o que nos traz um desafio à operação, assim como a compreensão do ONS sobre a influência de novas tecnologias, como a do armazenamento, no sistema elétrico. Ticom afirmou que “a necessidade de inserção de baterias no sistema elétrico é bastante clara". 

O papel das baterias na transição energética 

O Diretor Comercial LATAM da Pylontech, Ricardo Seixas, discutiu o papel do armazenamento na transição energética, posicionando a tecnologia como a ferramenta que permitirá o crescimento das fontes renováveis. Segundo Seixas “entramos no boom de baterias muito mais preparados do que estávamos no boom da solar”. Ele apontou que em uma matriz com 39% de participação das fontes solar e eólica, o armazenamento se tornou essencial para evitar os cortes de geração. 
 
Carlos Freitas, Gerente Comercial e de Engenharia da Chint Power, falou dos benefícios do BESS para C&I e os diversos serviços que ele pode trazer para esees consumidores. “Precisamos de incentivos tributários como ex-tarifários, fundamentais na taxa de retorno destes equipamentos”, afirmou Freitas. Para ele, a tendência recente de quedas de preço é outro fator que pode viabilizar os sistemas de armazenamento. 
 
Experiências internacionais de armazenamento 

A Gerente de Vendas da Trina Solar, Mariana Goudel, apresentou as experiências da Argentina e do Chile com o armazenamento. A empresa estuda o tema desde 2015 e em 2022 inaugurou sua fábrica de baterias. A Argentina saiu na frente no Leilão de Reserva de Capacidade por baterias, por conta da defasagem do sistema de transmissão. O governo argentino reduziu o imposto de importação de baterias a zero. No Chile, o aumento das fontes renováveis na matriz elétrica trouxe problemas para rede e ocasionou curtailment. O país já tem 1 GW de armazenamento instalado,  liderando a região, com isenção de imposto de importação par os componentes do BESS. 
 
Rafael Moura, Gerente Sênior de Negócios da e-STORAGE Canadian, trouxe aspectos regulatórios do BESS em diversos países. Nos Estados Unidos, região da ERCOT, organização que opera o sistema elétrico do Texas, a bateria não é vista como carga comum, o que evita diversas tarifas encargos. A receita do armazenamento é focada na arbitragem de preços e de serviços auxiliares do sistema elétrico. No Chile, em 2016 foi criada a base legal para o BESS e, em 2019, a regulação. Neste caso, o serviço de capacidade é a principal remuneração da tecnologia, com complementação por arbitragem de preços. 

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