Acordos no mercado livre têm permitido avanço de projetos de geração solar centralizada, mesmo com leilões adiados pelo governo

14/10/20 | São Paulo

Reportagem publicada no Portal Solar 

Segundo o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, compradores estão mais confiantes nesse modelo de contratação e têm firmado acordos de longo prazo, de até 20 anos

Os contratos de compra e venda de energia (PPA) no mercado livre tem permitido o avanço de grandes projetos de usinas fotovoltaicas de geração centralizada em meio às indefinições do governo federal sobre as novas datas dos leilões, disse o CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia.

Em webinar promovido pela Smarter E, o dirigente apontou que os compradores estão mais confiantes nesse modelo de contratação e firmando acordos de longo prazo, de até 20 anos. “Desde 2018, boa parte dos projetos ocorrem no mercado livre. O país está vivendo em nova era, em que os contratos não dependem tanto do governo.”

“Companhias de grande porte, como indústrias e shopping centers, que costumavam comprar por meio de contratos de curto prazo, estão mais confiantes em acordos mais longos. É um cenário muito interessante para empresas desenvolvedoras de projetos fotovoltaicos que pensam em vir para o Brasil”, acrescentou Sauaia.

Ele explicou que os leilões de energia promovidos pelo governo federal são PPAs de longo prazo, o que é positivo em termos de estabilidade para os investidores. “Mas há algumas dificuldades, por depender do governo, podendo ser influenciado por situações políticas e do cenário de curto prazo da economia.”

“Havia sido estabelecido um calendário anual de leilões, mas, infelizmente, os dois programados para 2020 foram adiados em razão da pandemia de COVID-19 e ainda não temos informações de quando vão acontecer. Temos mais dois marcados para 2021, um em abril e outro em setembro. Esperamos que eles sejam mantidos”, assinalou.

Sauaia destacou que, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o mercado de geração solar centralizada seguiu avançando em 2020. “Projetos que já estavam sendo construídos ficaram paralisados em razão da quarentena. Isso trouxe complicações, porque a eletricidade é um serviço essencial. Trabalhamos com o ministério de Minas e Energia e com governos locais para clarificar que era fundamental que as obras não ficassem paradas, para permitir que a energia fosse garantida à população.”

“Apesar do adiamento dos leilões, vimos um bom desenvolvimento de projetos no mercado livre. As usinas de grande porte estão avançando e novos acordos sendo fechados. Teremos um total de quatro leilões de energia no mercado livre em 2020. Dois deles já aconteceram e os outros irão ocorrer em outubro e novembro. As coisas não estão ruins apesar de tudo”, concluiu o dirigente.