Mercado de energia solar atraí indústria de estruturas metálicas

20/08/21 | São Paulo

Reportagem publicada no InfoSolar

Companhias investem para atender crescente demanda por equipamentos de fixação para painéis fotovoltaicos

A expansão do mercado solar fotovoltaico tem atraído o foco de empresas de estruturas metálicas para atender a crescente demanda por equipamentos de fixação para painéis fotovoltaicos. A disparada de preços de matéria-prima e patamar elevado do dólar se apresentam como principais desafios para companhias do segmento.

A Brametal, fundada em 1976, atua no mercado solar desde 2014. Em entrevista ao InfoSolar, o gerente comercial Maurilio Hidalgo conta que, após se estruturar nos últimos anos para atender uma forte demanda do setor de transmissão, a fabricante entendeu que era preciso diversificar o portfólio para manter o nível de capacidade produtiva.

“Temos expectativa de ganhar uma fatia importante no mercado solar. Ajustamos nosso foco, entendemos que é um setor promissor com muita demanda. Estamos nos lançando como alternativa”, disse o gerente.

A Brametal anunciou em julho um investimento de R$ 7 milhões na construção de uma fábrica no complexo de Linhares (ES) dedicada a produção de produtos fotovoltaicos, como estruturas de fixação e rastreadores.

Hidalgo avalia que o maior desafio da empresa é criar uma reputação positiva especifica para esse segmento. “Somos tradicionais em transmissão, mas ainda não temos o mesmo nome na solar. Estamos avançando na geração distribuída para criar esse portfólio.”

Ele detalha que a companhia conta com 30 MWp de estruturas fixas já instaladas e espera atingir 10 MW em rastreadores fornecidos até o final do ano.

Outra companhia com trajetória semelhante é a Brafer. Em atividade desde 1976, a fabricante voltou atenções para o mercado solar em 2016, primeiramente por meio de uma joint-venture com a espanhola Nclave, e agora em voo solo desde o ano passado.

O diretor técnico Pasquale Garofani Tsingos conta que a empresa atua principalmente em geração distribuída (GD) e avalia que o mercado está bastante aquecido. “Estamos fazendo orçamento por todo o Brasil. Vemos maior concentração de investimentos em geração centralizada em Minas Gerais e Nordeste, enquanto a GD está mais espalhada por todas as regiões.”

Ele afirma que a companhia registrou crescimento de 20% no segmento fotovoltaico nos últimos dois anos. “Ainda é um desempenho tímido, mas estamos nos organizando, criando um histórico e fazendo nosso nome.”

Com foco total no mercado de estruturas para kits fotovoltaicos, a Solar Group contabiliza crescimento de faturamento próximo a 300% nos últimos anos e espera manter o desempenho em 2021. O diretor de marketing Pablo Larrieux detalha que, após um primeiro trimestre com resultados positivos, a empresa percebeu uma retração no mercado em abril, em consequências da nova onda de pandemia de Covid-19. “Com a aceleração da vacinação, notamos uma retomada desde julho. Acreditamos que essa tendência se mantenha até o final do ano.”

Especializada no mercado de GD, a Solar Group inaugurou uma fábrica no ano passado, localizada em Santana do Parnaíba (SP). “O crescimento do mercado tem sido fantástico e é muito complexo garantir a velocidade de fornecimento que o cliente demanda. Temos possibilidade de expandir a capacidade das fabricas atuais e também planejamos investimentos em automação das linhas”, disse Larrieux.

Câmbio e matéria-prima

O setor de estruturas metálicas tem como principais matérias-primas o aço e o alumínio, commodities internacionais sujeitas a forte variação de preços e efeitos da valorização do dólar. Da mesma maneira que outros equipamentos do mercado solar, esses itens entraram em uma trajetória de disparada dos custos desde o início da pandemia.

“O reajuste de matéria-prima tem sido um caos, muita volatilidade e falta de insumos. Vimos negócios recuarem por causa desse cenário”, contou Tsingos, da Brafer. Ele entende que, com o consumo dos Estados Unidos e China aquecidos, com uma forte retomada de investimentos em infraestrutura nos dois países, a tendência de alta deve se sustentar.

O executivo afirma que, atualmente, para desenvolver um projeto solar é necessário um investimento superior ao cenário anterior a pandemia. “Os componentes elétricos também estão mais caros. De qualquer forma, ainda vale a pena, porque o custo de energia também subiu, causando um efeito de compensação”, avalia Tsingos.

Hidalgo afirma que a Brametal tem um poder de compra robusto para garantir estoques de matéria-prima e ficar menos exposto aos reajustes. “Temos essa condição diferenciada para atender a demanda até o final do ano.”

Larrieux explica que a Solar Group tenta obter ganhos de eficiência, investindo em pesquisa e desenvolvimento, de forma a reduzir custos. Ele destaca que o repasse do preço é sempre a última opção, mas em algum momento, pode se tornar inevitável. “Sempre tentamos o possível para garantir propostas de valor atrativo.”