Minas atraiu R$ 11,1 bi de investimentos em solar

15/10/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Diário do Comércio Online

A demanda por instalação de painéis de energia solar em residências e estabelecimentos comerciais em Minas Gerais já atraiu R$ 11,1 bilhões em investimentos. O balanço é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) divulgado ontem. A quantia é 114,43% maior que o último balanço divulgado em agosto, quando os investimentos estavam na ordem de R$ 9,7 bilhões.

Com a realidade do aumento na conta de luz elétrica, que tem elevado o custo de vida dos mineiros nos últimos anos, a economia garantida pela geração de energia solar, tem sido a melhor alternativa em vários municípios do Estado. Além disso, a energia solar tem permitido mais consciência em relação ao cuidado e preservação do meio ambiente.

Atualmente, Minas Gerais preenche sozinho por 15,5% de toda a potência instalada de energia solar na modalidade. O Estado possui também mais de 190,4 mil conexões operacionais, espalhadas por 853 municípios em todas as regiões estaduais. Praticamente um total de 253,7 mil consumidores de energia elétrica por meio de geração fotovoltaica já contam com a redução na conta de luz.

Coordenador estadual da Absolar em Minas Gerais, Bruno Catta Preta classifica a escolha pela energia solar como uma alternativa de maior autonomia e confiabilidade elétrica. “Minas Gerais tem se tornado uma locomotiva da energia solar no Brasil. Visando a uma autonomia e redução de gastos, o Estado se tornou líder em geração distribuída e na geração centralizada. Diante disso, posso dizer que estamos no melhor momento para quem quer contar com os benefícios da energia solar por meio da aquisição do seu sistema. Temos menos de 90 dias para garantir os benefícios da Lei 14.300 até o ano de 2025. Quando falo dos benefícios é porque ela é uma fonte barata, acessível, não faz barulho, além de ser limpa e renovável”.

Geração distribuída

Em comparação com o restante do País, a energia solar vem surpreendendo positivamente, com um crescimento exponencial em todo o Estado. Até o momento, o território mineiro possui cerca de 2,1 gigawatts (GW) em operação com geração distribuída em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.

“Progressivamente a energia solar fotovoltaica se tornou mais popular e mais conhecida, dessa forma ajudando a disseminação da tecnologia. Temos centenas de projetos em construção e uma quantidade quase que incalculável de usinas com liberação para as empresas realizarem a construção. Esses são fortes indícios de que a energia solar deve gerar ainda muitos empregos de qualidade e trazer receita para a população mineira nos próximos anos. A nossa perspectiva é que a fonte solar alcance a segunda posição da matriz elétrica brasileira, ficando atrás apenas da fonte hídrica”, projeta Bruno.

Hoje a energia solar na matriz energética brasileira é considerada a terceira fonte mais importante. Ela corresponde a 8,1% do total da produção. Como grande maioria dos consumidores brasileiros ainda necessita das hidrelétricas, que correspondem a 53,9% do total, a energia eólica é a segunda alternativa mais difundida no mercado, correspondendo a uma fatia de 10,8%.

Especificamente em Minas, para atender a crescente demanda por usinas fotovoltaicas, o governo estadual não aplica a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sob a energia consumida. Ou seja, não há tributos praticados pela energia produzida pelo próprio consumidor. Dado o peso do ICMS, isso ajuda tanto aos consumidores comerciais quanto aos consumidores residenciais. “Esse incentivo deu um empurrão necessário para o alcance da liderança nacional”, conclui o especialista.

Leilão de geração tem baixa contratação

São Paulo – O leilão de energia A-5, realizado na sexta-feira (14), repetiu o histórico de baixa contratação de novos projetos de geração para atendimento do mercado regulado, que vem diminuindo de tamanho nos últimos anos com mais consumidores buscando alternativas como o mercado livre de energia ou a geração distribuída.

Ao todo, o certame negociou 176,8 megawatts (MW) médios de energia, a um preço médio de 237,48 reais por megawatt-hora, representando um deságio médio de 26,38%.

Conquistaram contratos no leilão 22 empreendimentos, que somam 557,45 MW de potência e cerca de 2,95 bilhões de reais em investimentos.

Do total de projetos, 12 são pequenas hidrelétricas, que venderam energia suficiente para fazer frente à obrigatoriedade de contratação de 50% da demanda do leilão nessa fonte, conforme a lei 14.182, que autorizou a privatização da Eletrobras.

A potência contratada ficou novamente muito abaixo da oferta. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) havia cadastrado para o certame cerca de 83.000 MW, distribuídos em 2.044 projetos.

A assessora especial de assuntos econômicos do Ministério de Minas e Energia, Renata Rosada da Silva, avaliou que a recente portaria do governo que abriu o mercado livre para mais consumidores não deve ter impactado a demanda das distribuidoras para este leilão.

Em coletiva de imprensa após o certame, ela disse ainda que a pasta está avaliando mudanças nos leilões de energia, relacionadas à forma dos certames e a menores prazos para os contratos.

Projetos e compradores – Além dos 12 empreendimentos hídricos, também venceram contratos no certame três projetos da fonte eólica, quatro usinas solares fotovoltaicas, duas térmicas movidas a biomassa de bagaço de cana e uma térmica de aproveitamento de resíduos sólidos urbanos.

Não houve negociação para projetos movidos a carvão mineral ou a biogás.

Em relação aos deságios por fonte, o maior foi registrado para a biomassa, com 40,06%. As fontes solar e eólica obtiveram descontos de 38,78% e 26,90%, respectivamente, frente aos preços máximos estipulados.

Segundo o diretor de estudos de energia elétrica da EPE, Erik Rego, o fato de os deságios para solar e eólica terem diminuído em relação aos leilões anteriores não indica necessariamente uma tendência de todo o mercado, uma vez que a negociação de contratos para esses empreendimentos foi muito baixa.

Os projetos que venderam energia no leilão deverão iniciar o suprimento em 1º de janeiro de 2027, com prazos contratuais variando de 15 a 20 anos, a depender da fonte.

Do lado comprador, a Cemig foi a principal compradora do leilão, responsável por 82% da energia adquirida. A Celpa, distribuidora do Pará controlada pela Equatorial Energia, comprou os 18% restantes da energia negociada no certame.