Brasil pode ser a Arábia Saudita do hidrogênio verde e virar referência no combustível do futuro

17/02/23 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Auto Esporte

Uma série de condições favoráveis pode tornar o Brasil líder em exportação de hidrogênio verde (H2V), classificado assim quando é obtido por meio de fontes renováveis. A afirmação foi feita no estudo Green Hydrogen Opportunity in Brazil, publicado em janeiro pela Roland Berger.

A expectativa é de que o Brasil seja a referência do combustível sustentável, assim como a Arábia Saudita é no petróleo. E há algumas condições que indicam isso.

A primeira delas é o resgate do protagonismo ambiental de outros tempos feito pelo Governo Federal. O segundo cenário, que também vem se confirmando, é a busca da Alemanha (principal economia europeia) pela transformação de sua matriz energia, que ainda depende muito de petróleo, gás e carvão.

O terceiro ponto é mais difícil. É preciso que o consumo global de hidrogênio seja praticamente sextuplicado, passando dos atuais

US$ 1 trilhão em todo o planeta, e o Brasil deverá ser responsável por R$ 150 bilhões, sendo R$ 100 bilhões em exportações.

Com as complicações da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Alemanha precisou acelerar a transformação da sua matriz energética. Vale ressaltar que a Rússia fornece boa parte do gás utilizado pelos alemães.

Dessa forma, a maior economia da União Europeia lançou o primeiro edital para a compra de hidrogênio verde em contratos de dez anos.

No entanto, a grande vantagem do Brasil está no uso de energias geradas em usinas hidroelétricas, eólicas ou solares. Dessa forma, enquanto a produção do hidrogênio verde tem custo entre US$ 3 e US$ 8 por kg (R$ 15 a R$ 41) no mercado internacional, no Brasil esse valor flutuaria entre US$ 2,2 e US$ 5,2 (de R$ 11 a R$ 28).

Em julho de 2021, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), que prevê um plano estratégico nacional para o combustível. Já há uma série de estudos e iniciativas de parceria com a Alemanha para desenvolver o mercado de H2V.

O atual governo também deixou clara a importância do hidrogênio, especialmente em falas do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

O H2V é produzido por meio de um processo químico que quebra as moléculas da água e transforma em hidrogênio e oxigênio por meio da eletricidade. Sendo assim, não há emissão de carbono.

Em janeiro foi lançada a primeira molécula de hidrogênio verde em grande escala na América Latina, produzida pela EDP Brasil no Complexo Pecém, no Ceará. A unidade, que recebeu investimento de R$ 42 milhões, tem uma usina solar e um módulo eletrolisador.

Com a usina-piloto, o Brasil poderá estudar melhor o H2V, a cadeia produtiva do gás, modelos de negócios, entre outros. Até mesmo a indústria automotiva poderá se beneficiar e acelerar a mobilidade urbana limpa com hidrogênio.