Comunidade no Quênia terá água potável com uso de sistema de energia solar

28/03/21 | São Paulo

Reportagem publicada no InfoSolar

Um sistema criado pela organização não-governamental GivePower que usa energia solar foi a solução encontrada para que a comunidade de Kiunga, uma vila rural no Quênia, tenha água potável. O projeto inclui um mecanismo mais simplificado de tratamento para dessalinização da água do mar, processo que até então demandava muito gasto com energia elétrica e utilização de produtos químicos.

Batizado de “fazenda solar de água”, o local possui geradores fotovoltaicos que produzem 50 quilowatts de energia, que é armazenada em duas baterias Tesla de alto desempenho, além de possui duas bombas de água que operam 24 horas por dia.

Antes da instalação da usina solar , os 3,5 mil habitantes de Kiunga precisavam viajar por cerca de 1 hora para conseguir água. A única fonte disponível era um poço com recurso hídrico impróprio para o consumo humano.

O novo sistema produz água potável suficiente para consumo diário de toda a comunidade, com uma qualidade melhor do que a produzida pelos processos tradicionais.

Especialistas apontam que essa tecnologia pode ser a solução para a falta de água limpa no planeta, que atinge mais de 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Estima-se que, em 2025, metade da população vai viver em áreas com escassez hídrica. Portanto, o tratamento e reuso de água serão cada vez mais importantes neste cenário, assim como o aproveitamento da água do mar.

Segundo Hayes Barnard, presidente da GivePower, ver crianças dentro dessas aldeias com cicatrizes no estômago ou nos joelhos, porque há muito sal nas feridas, é muito triste. Eles estavam envenenando suas famílias com essa água. Mas a instalação da planta não apenas os ajudou nesse processo como também os salvou de várias doenças, já que a água que eles usavam anteriormente costumava estar cheia de poluentes e vários parasitas”, comentou.

Com o sucesso da operação da primeira fazenda solar de água no Quênia, a GivePower expandiu sua área de atuação e está instalando sistemas similares em outras partes do mundo, como o Haiti e comunidades isoladas na Colômbia.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico. A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e do mal uso dos recursos naturais. De toda a água existente no planeta, cerca de 97,5% é salgada e apenas 2,5% é de água doce. “Implementar a prática da dessalinização é mais do que urgente para que mais pessoas tenham acesso à água potável”, aponta a Unicef.