Reforma Tributária: setor solar se prepara para mudanças no modelo de cobrança

27/06/25 | São Paulo

ABSOLAR reúne associados para debater o novo modelo fiscal do País na Fiesp, em São Paulo

RODRIGO SAUAIA, RONALDO KOLOSZUK, MATHEUS MEDEIROS

Aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2023, a Reforma Tributária marca uma nova fase no sistema de arrecadação de impostos do Brasil. Após décadas de debate, o País se prepara para iniciar, em 2026, a transição para o novo modelo, com impactos previstos em todos os setores da economia, inclusive o solar fotovoltaico.

Para discutir as repercussões, impactos e pontos de atenção da reforma no setor, a ABSOLAR promoveu, nesta quinta-feira, 26 de junho, o Masterclass Reforma Tributária, reunindo mais de 150 associados, na Fiesp, em São Paulo, para analisar os próximos passos de adequação e os efeitos sobre os negócios.

“A Reforma vai mexer, com a geração distribuída, afetando a forma como os créditos de energia elétrica são compensados. Na geração centralizada pode vir a afetar a comercialização da energia elétrica. Nos dois segmentos de mercado, os equipamentos, sobre os serviços, obras […] Os impactos serão variados, amplos e precisamos entender no detalhe para cada segmento há uma consequência diferente e é por isso que a gente precisa estar sempre atento a esses assuntos e trazer para nossos associados”, afirmou Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR.

Segundo Ana Martinez, Vice-Coordenardora do Grupo de Trablho de Logística e Tributação da ABSOLAR, embora a proposta simplifique o sistema tributário, também pode afetar os incentivos já existentes. “No setor indireto teremos muitos impactos. Hoje falamos de ICMS, ISS, PIS e Cofins, e nosso setor é bastante incentivado. Com a reforma, mesmo que ela venha simplificar o regime, também está simplificando os benefícios, e isso pode, sim, trazer impactos significativos para as empresas.”

URIAS MARTINIANO GARCIA NETO, LEONARDO CURSINO, ANA MARTINEZ, FREDERICO BOSCHIN, EDUARDO TOBIAS

Outro ponto de atenção, segundo Rafaela Canito, painelista do evento e representante do escritório Lefosse Advogados, será o período de transição, que tem início em 2026, onde os dois sistemas, atual e o novo, coexistirão. “Créditos de ICMS são um ponto delicado, que estão sendo tratados no âmbito do PLP 108, e que exigem atenção desde já”, destacou.

Urias Martiniano, advogado especialista em Direito de energia elétrica, reforçou a importância da participação ativa do setor nas consultas públicas em andamento. “A Receita Federal ainda não conhece a fundo a complexidade do nosso mercado. É fundamental que o setor contribua com dados e informações. Há impactos específicos, por exemplo, nos contratos de autoprodução que precisam ser considerados.”

Com a nova etapa da Reforma Tributária se aproximando, o setor solar fotovoltaico está diante de um momento estratégico. A energia solar é hoje uma das principais fontes renováveis em expansão no Brasil, com mais de 57 GW operacionais e é responsável por gerar cerca de 1,7 milhão de empregos desde 2012, segundo dados da ABSOLAR.
“Um evento como o Masterclass ABSOLAR permite que nossos associados aprendam com especialistas conhecedores do assunto para poder melhor navegar pelas mudanças que vão acontecer ao longo dos próximos anos. E com isso, direcionar os seus modelos de negócio e aproveitar, ou desviar, dos obstáculos e ameaças que aparecem no caminho”, finaliza Rodrigo Sauaia.