24/11/17 | São Paulo
O setor solar espera que, no próximo leilão para contratação de energia elétrica (leilão A-4), marcado para o dia 18 de dezembro e que incluirá energia solar entre outras fontes de energia, sejam contratados cerca de 1 GW (gigawatt) de nova capacidade fotovoltaica.
É o que sugere o relatório “Estudo Estratégico – Mercado Fotovoltaico de Geração Centralizada 2017”, publicado pela empresa de consultoria brasileira, Greener.
O relatório fornece dados extensivos sobre os três leilões anteriores que incluíram a energia solar, realizadas entre 2014 e 2015. Em 2016, os dois leilões planejados foram cancelados devido à falta de demanda de energia e à crise econômica do Brasil.
O estudo revela que todos os 249,7 MW (megawatts) de energia solar cujos contratos foram cancelados pelo governo por meio de um leilão específico para cancelamento de projetos não implantados, realizado em agosto, estão relacionados exclusivamente ao primeiro leilão realizado em 2014, em que 889 MW de energia solar foram contratados.
Dessa capacidade, 570 MW têm alta probabilidade de se tornarem operacionais, enquanto os 70 MW restantes, de acordo com Greener, apresentam baixa probabilidade de implantação.
Quanto ao primeiro leilão realizado em 2015, no qual foram comissionados 883,7 MW de capacidade solar, a Greener afirma que, exceto 5 MW que tem baixa probabilidade de instalação, todo o restante deverá entrar em operação.
Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia, disse em outubro que os projetos comissionados nos leilões realizados em 2015 estavam melhor posicionados para serem concluídos do que os selecionados em 2014.
De acordo com a Greener, os projetos selecionados no segundo leilão realizado em 2015, nos quais 929,3 MW de projetos fotovoltaicos foram contratados, estão sendo desenvolvidos em melhores condições.
De fato, o relatório revela que desses projetos, 350 MW têm uma ótima chance de se tornarem operacionais, já que os desenvolvedores estão no processo de contratação de equipamentos e EPC; Cerca de 544,3 MW têm uma média probabilidade de entrar em linha, e apenas 35 MW têm baixa probabilidade de serem construídos.
No geral, 1,7 MW dos três leilões têm uma alta probabilidade de sucesso, enquanto 249,7 MW foram cancelados, 544,3 MW têm uma média de probabilidade de conclusão e 110 MW têm baixa probabilidade de se tornarem operacionais.
A Greener também descobre que, além dos 880 MW que estarão operacionais até o final deste ano, outro 1,29 GW tem alta ou média probabilidade de ver a luz do dia até o final do próximo ano.
Dos 880 MW que se espera que estejam em operação este ano, 150 MW estão localizados no estado de Minas Gerais, 430 MW na Bahia, 270 MW no Piauí e 30 MW no Rio Grande do Norte.
Da capacidade prevista para entrar em linha em 2018 e atualmente em construção, outros 300 MW serão localizados em Minas Gerais, 150 MW em São Paulo, 89,7 MW na Bahia, 80 MW no Rio Grande do Norte e 90 MW na Paraíba.
O relatório revela ainda que, em 2017, o volume total de investimentos em geração centralizada de energia solar contratada nos leilões de 2014 e 2015 atingirá cerca de R$3.6 milhões, enquanto os investimentos em 2018 e 2019 deverão chegar a R$ 5.3 milhões e R$ 934 milhões, respectivamente.
Os autores do relatório enfatizam que os módulos atualmente produzidos no Brasil estão entre 35% e 55% mais caros que os painéis solares importados, e que a atual capacidade da indústria de módulos solares brasileiros não pode satisfazer a demanda.
De acordo com os dados, o fabricante chinês Jinko é atualmente o maior fornecedor (e importador) no Brasil, representando 29% da demanda, seguido por outros dois fabricantes chineses, Canadian Solar e BYD, que abriram fábricas de painéis no país e atingiram uma participação de 25,5% e 21,2%, respectivamente.
A JA Solar é o quarto fornecedor, com uma participação de mercado de 12,9%, seguida de GCL (5,6%), First Solar (3,8%) e Trina (1,3%). Esses dados referem-se a projetos operacionais e em construção.
Em termos de inversores, que também se relacionam com projetos que estão em linha ou em construção, a GE é o maior fornecedor com uma participação de mercado de 40,2%, enquanto a Fimer e a SMA são o segundo e o terceiro fornecedores com uma porcentagem de 25,7% e 13,2% respectivamente.
O relatório também simula preços de energia para projetos que competirão no leilão de dezembro próximo. Segundo os analistas da Greener, os preços da energia solar no leilão serão inferiores a R$ 220/MWh, mostrando que aenergia solar está se tornando realmente competitiva no país.