200 países firmam pacto em defesa da biodiversidade

17/10/21 | São Paulo

Reportagem publicada pela Hora do Povo

Cerca de 200 países adotaram a Declaração de Kunming, texto liderado pela China, refletindo seu posicionamento de proteção da natureza, como como parte da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP-15). Ainda que os signatários não tenham assumido efetivos compromissos para impedir a extinção de espécies, o documento consensuado na terça-feira (19) foi considerado um importante avanço.

Ao assumir a presidência da COP-15 na última segunda-feira (19), promoveu a adoção do texto não vinculante, que “reúne consensos e mostra que os diferentes estados trabalham juntos” em um contexto de pandemia, disse Zhao Yingmin, vice-ministro do Meio Ambiente, desde a cidade de Kunming, no sudoeste chinês.

A crise sanitária gerada pela Covid-19 fez com que a Conferência fosse feita em duas etapas: uma primeira de sessões virtuais e presenciais, já realizada neste mês, que serão seguidas de duas semanas de reuniões entre 196 países membros da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, agendadas entre os dias 25 de abril a 8 de maio de 2022.

A declaração pede “ações urgentes e integradas” para refletir as considerações sobre a biodiversidade em todos os setores da economia global, mas questões-chave foram deixadas no final da agenda, como o financiamento da conservação em países mais pobres, bem como a distribuição de suprimentos aos que derem atenção à biodiversidade. A taxa de perda de espécies animais e vegetais é atualmente a mais alta em 10 milhões de anos.

Em um acordo anterior, assinado em 2010 em Aichi, no Japão, os governos concordaram em 20 metas para reduzir a perda de biodiversidade até 2020, mas nenhuma delas foi cumprida. O objetivo da COP-15 é conseguir um marco para restaurar a biodiversidade até 2030 e alcançar a “vida em harmonia com a natureza” até 2050.

“A China tomará a iniciativa de criar o Fundo de Biodiversidade de Kunming com uma contribuição de capital de 1,5 bilhão de yuans (233 milhões de euros) para apoiar a conservação da biodiversidade nos países em desenvolvimento”, afirmou o presidente chinês Xi Jinping.

Em nível local, o presidente chinês anunciou uma aceleração de projetos de energia fotovoltaica e eólica em grande escala, com música e imagens de pás de turbinas eólicas gigantescas nas areias do deserto de Gobi em fragmentos transmitidos pela mídia estatal.

Para Lin Li, da organização Fundo Mundial para a Natureza, a declaração da COP-15 “afirma uma vontade política e agrega a necessária ambição que marca o caminho a seguir para que possamos enfrentar a perda de biodiversidade”, porém “os governos têm que transformar estas palavras em ações”.

Conforme a Agência Francesa de Desenvolvimento, são necessários entre US$ 722 e US$ 967 bilhões para financiar a conservação da biodiversidade no planeta.