90 GW de solar centralizada até 2050

27/07/20 | São Paulo

Matéria publicada em Brasil Energia 

Por Thais Custodio

PNE 2050 também indica que a fonte continuará liderando a geração distribuída, modalidade que pode chegar a 50 GW de capacidade no final do horizonte

A energia solar fotovoltaica deve passar por uma expansão significativa no Brasil nos próximos 30 anos e atingir até 90 GW apenas em geração centralizada, de acordo com o Plano Nacional de Energia 2050 colocado em consulta pública no dia 13/07 pelo MME. Atualmente, as usinas solares de grande porte somam 2,94 GW e representam 1,68% da matriz elétrica.

Na maior parte dos casos avaliados pelo PNE 2050, levando em conta apenas a geração centralizada, a solar fotovoltaica atinge entre 27 a 90 GW em termos de capacidade instalada e entre 8 a 26 GW médios em termos de energia em 2050. Nesse horizonte, a participação da fonte na matriz elétrica atinge em torno de 5% a 16% da capacidade instalada total ou de 4% a 12% em termos de energia total em 2050, sem contar a parcela de geração distribuída fotovoltaica.

Ao comparar a expansão da fonte solar fotovoltaica com a de usinas hidrelétricas, o documento conclui que restrições à expansão das UHEs fazem com que a solar preencha a possível limitação no crescimento dessas, em termos de capacidade instalada.

A capacidade instalada total de solar centralizada em 2050 pode ser superior a 100 GW em outros cenários analisados, por exemplo: em substituição à expansão da eólica (no caso analisado, alguma eventual restrição que impeça sua capacidade instalada total ultrapassar 50 GW em 2050) ou quando a expansão da transmissão estiver limitada (no caso extremo analisado, aos leilões até 2019). Nesses dois casos, a capacidade instalada referente aos projetos fotovoltaicos na geração centralizada atinge em torno de 95 GW e 190 GW, respectivamente. Esses valores correspondem a uma participação entre 18% e 30% da capacidade instalada total do sistema em 2050.

O documento apresenta também o potencial da energia solar no país. Para calcular esse potencial, foram consideradas apenas as áreas já antropizadas, ou seja, não foram incluídas áreas com vegetação nativa. Considerando apenas as melhores áreas disponíveis, com radiação superior a 6 kWh/m².dia, seria possível a instalação de 307 GWp.

Geração distribuída

Quanto à geração distribuída, cuja capacidade instalada atual é 3,33 GW (dos quais 3,15 são de solar), o PNE 2050 projeta que no final do horizonte a modalidade atingirá entre 28 GW e 50 GW, o que representaria um valor de 4% a 6% da carga total. A análise leva em conta a revisão do mecanismo de compensação para a GD no início da década de 2020, com aplicação de tarifa binômia para novos micro e minigeradores, bem como determinantes econômicos (como o crescimento da renda das famílias e a perspectiva de queda dos custos das tecnologias).

A solar fotovoltaica deve continuar liderando o segmento, representando pouco mais de 85% da capacidade instalada no fim do horizonte, por conta da sua modularidade, custo decrescente e difusão da tecnologia entre a sociedade. Contudo, principalmente através do modelo de autoconsumo remoto e geração compartilhada, o documento indica grande potencial para a geração eólica, termelétrica à biomassa e hidrelétrica.

Para a adequada cobrança pelo uso da rede dos micro e minigeradores, o documento recomenda o estabelecimento da transição de modelo de compensação integral para modelo com correta sinalização dos custos associados à expansão da GD.

Descarte de equipamentos

Além disso, o PNE 2050 aponta como desafio lidar com o descarte e reciclagem de equipamentos fotovoltaicos. “Na prática, a vida útil dos módulos fotovoltaicos tende a ser maior que os 25 anos declarados por seus fabricantes, já que este é o tempo após o qual a potência do equipamento atinge 80% de seu valor nominal. Independente da data de ocorrência, contudo, o grande volume de equipamentos (da ordem de dezenas de bilhões de módulos fotovoltaicos) faz com que o impacto ambiental deste descarte seja relevante”, diz o documento.