95% dos projetos em leilão de expansão do setor elétrico são de eólicas e solares

14/02/22 | São Paulo

Reportagem publicada pela CNN Brasil

Região Nordeste tem participação predominante de propostas com as fontes renováveis

Os projetos de geração de energia solar e eólica representam 95% dos cadastros no Leilão de Energia Nova A-4 (LEN), do ministério de Minas e Energia, que irá ocorrer em maio deste ano. No total, 75.250 MW foram cadastrado, sendo 73.256 MW dessas fontes.

Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o LEN de 2022 bateu recorde de inscrição de projetos e de potência oferecida.

O leilão, como sugere o nome, busca projetos que daqui a quatro anos irão integrar o parque do setor elétrico nacional. Os polos de geração fotovoltaica e eólica terão contratos de até 15 anos com o ministério de Minas e Energia.

A região Nordeste apresenta os maiores quantitativos de projetos e potência cadastrados para o Leilão e representa cerca de 70% do total, com predominante participação das fontes eólica e solar.

As termelétricas se situam principalmente nos estados do Centro-Oeste e Sudeste, mas representam apenas 1,3% da potência oferecida, e os projetos hidrelétricos são maioria nas regiões Sul e Centro-Oeste.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), a expectativa da evolução da capacidade instalada para dezembro de 2026 é que as gerações eólicas passem de 11,8% do sistema para 13,7%.

Já a energia fotovoltaica deve representar 4,9%, frente aos 2,6% que ocupa atualmente.

O professor do Instituto Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), Mauricio Tolmasquin, explica que as fontes de energia eólica e solar, além de renováveis, normalmente têm o maior número de propostas por serem mais acessíveis.

“Tanto um investidor de grande porte, como um investidor menor podem propor. Além disso, essas fontes geralmente têm um licenciamento ambiental mais fácil do que as térmicas e hídricas, e os preços têm sido muito competitivos. Como estão ficando mais baratas nos últimos leilões, atraem muito interesse”, explica.

Dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) mostram que, de 2013 a 2019, o preço dessa fonte em leilões de energia passou de R$ 103,00 para R$ 17,62. Nos leilões praticados no ano passado, o custo da energia solar variou entre R$ 20,33 e R$ 30,90.

Segundo Tolmasquin, que também é ex-presidente da EPE, a redução no custo foi nítida, mas a pandemia da Covid-19 afetou a cadeia de suprimentos do setor.

“O preço caiu muito certamente, mas, nos últimos dois anos, houve uma subida por conta da crise na cadeia de suprimentos devido a pandemia. As células dos painéis são importadas, então a fotovoltaica é mais suscetível a essa variação de preço. Isso não acontece com a eólica, já que cerca de 80% da produção do material é nacional”, aponta o pesquisador.

Esse é a primeira vez em que as duas fontes de energia irão disputar juntas um mesmo leilão. Para Tolmasquin, esse é um movimento interessante, que irá mostrar como cada energia se comporta competitivamente.