A geração distribuída e a matriz energética brasileira

10/10/17 | São Paulo

Industriatividade

A matriz energética brasileira é sustentada basicamente pela geração hidrelétrica. Ou seja, cerca de 70% do que se consome no Brasil advém do que é gerado nas usinas pela força das águas dos rios.

Entre as vantagens dessa fonte estão o melhor custo, a baixa emissão de poluentes e o fato de ser renovável. Dados do governo apontam que, até 2030, essa modalidade de geração deverá cair – por insuficiência do potencial – para próximo de 65%, pois, mesmo renovável, já se antecipa que, em algum momento no futuro, a água começará a se esgotar.

De outra parte, a geração hidrelétrica é questionada nos grandes projetos, visto que uma usina causa uma série de impactos devido à área alagada que gera e suas consequentes alterações no meio ambiente e entorno. Estudiosos alegam que os impactos ambientais são irreversíveis e, muitas vezes, podem ser mais prejudiciais que os benefícios de utilizar uma fonte renovável.

Não bastasse esta situação, há que se considerar que o regime de chuvas no Brasil é inconstante. De tempos em tempos – como agora -, surgem informações de redução nos níveis dos reservatórios de água em praticamente todo o país.

Ao lado da seca – no sertão nordestino e na região central do país, por exemplo, não chove há muito tempo -, que tem provocado a redução do abastecimento às populações, surge agora a preocupação com a questão do fornecimento de energia elétrica. Com os rios registrando cotas muito baixas, as barragens das usinas começam a encontrar dificuldades para sustentar as turbinas de geração.

Ou seja, o Brasil tem que incentivar – e de maneira urgente – a remodelação de sua matriz energética, de forma a dependermos cada vez menos da água dos rios para a geração de energia.

Dentre as alternativas de geração conhecidas – eólica, biomassa, nuclear, biogás, PCHs, etc. – a que mais tem atraído a atenção dos investidores e consumidores é a solar fotovoltaica, pois oferece a possibilidade das pessoas gerarem sua própria energia, a denominada microgeração distribuída.

A consultoria Boston Consulting Group (BCG) lançou o estudo Geração de Energia Solar Descentralizada – Cenários e Implicações para o Setor no Brasil -, que aborda o potencial disruptivo da energia solar distribuída, apresentando motivos para adoção do modelo e projeções para o crescimento do segmento.

O estudo aponta que a geração distribuída já é uma realidade no Brasil, e deve apresentar um alto crescimento nos próximos anos, devido à irradiação solar do país e dos incentivos econômicos (explícitos ou não) para usuários adotarem essa solução.

Um recente mapeamento feito pela ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – mostra que o Brasil acaba de atingir a marca histórica de 100 MW de potência acumulada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica, instalados em residências, comércios, indústrias, edifícios públicos e na zona rural.

Segundo a entidade, o crescimento da microgeração distribuída é impulsionado por três fatores principais: a redução de mais de 75% no preço da energia solar fotovoltaica; o aumento de mais de 50% nas tarifas de energia elétrica nos últimos dois anos; e um aumento no protagonismo e na consciência e responsabilidade socioambiental dos consumidores, cada vez mais interessados em economizar recursos e na preservação do meio ambiente.