A hora e a vez da energia renovável

24/11/17 | São Paulo

Estadão 

A energia renovável cresce a cada ano em todo o mundo. No Brasil, não é diferente, porém, a maior parte deste potencial ainda está inexplorado.

Atualmente, a energia solar fotovoltaica representa 0,02% da matriz energética do país. Ainda é uma fração pequena, mas de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, a expectativa é que até 2024 a fonte passe a representar 4% da matriz, que é um crescimento de 200 vezes em um período de menos de 10 anos.

Em se tratando de energia solar fotovoltaica, o Brasil possui aproximadamente 80 megawatts operacionais na sua matriz. Em 2016, o crescimento foi de 320% na geração distribuída deste tipo de energia. É um volume bem expressivo e a expectativa é que esse crescimento continue acelerado.

Estudo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) aponta que energias renováveis como solar e eólica receberão investimentos de 7,4 trilhões de dólares em todo o mundo até 2040, quando terão participação de 34% na geração mundial de eletricidade. A redução do custo dos painéis fotovoltaicos é um elemento importante nessa previsão, com estimativa de queda de 66% até 2040.

Segundo o relatório New Energy Outlook da BNEF, a energia solar já se equipara em preço com o carvão na Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Espanha e Itália. Em 2021, será também no Brasil, China, Índia, México e Reino Unido. No Brasil, a previsão é que a energia hidrelétrica, também renovável, terá participação de apenas 29% em 2040 ante 64% da capacidade total instalada no País em 2016. Já a fatia de energia eólica, no mesmo período, vai dobrar para 12%, e a energia solar saltará para 31%, enquanto no ano passado ficou abaixo de 0,5%.

Contudo, o brasileiro ainda conhece pouco sobre as energias renováveis. Daí porque, os governos tem um papel estratégico com políticas públicas voltadas para um programa de conscientização e divulgação da tecnologia para a população, que pode trazer uma série de benefícios sinérgicos para os brasileiros.

O benefício na esfera socioeconômica, que é a atração de empregos locais e de qualidade, onde a energia solar fotovoltaica é uma fonte de grande geração de empregos. São criados aproximadamente 25 a 30 empregos diretos para cada megawatt instalado em um ano. É um volume bastante elevado quando se pensa no setor energético brasileiro.

Há a oportunidade também de desenvolver uma cadeia produtiva com a fabricação de equipamentos de alto conteúdo tecnológico gerando a formação de profissionais especializados e maior valor agregado no produto final.

Na área ambiental, é uma fonte que é reconhecidamente limpa e de baixo impacto ambiental. A energia solar fotovoltaica contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, colaborando na meta brasileira estabelecida no Acordo de Paris em 2015.

Por fim, tem o benefício estratégico. Um governo ao investir em energia renovável, promove-se uma maior autonomia energética do setor público, diversificando seu suprimento energético, ficando menos dependente de uma só fonte, como a crise hídrica que afetou o país há alguns anos.

Em meio à maior participação de energias renováveis e substituição do consumo de combustíveis fósseis, o poder público deve ser o protagonista desta tendência mundial implantando projetos de energia renovável também em áreas públicas como a primeira usina solar do País em um parque público. A instalação fica no Parque Cândido Portinari e irá suprir também o Parque Villa-Lobos, ambos na capital paulista.