19/02/15 | São Paulo
Os preços-tetos do leilão de Reserva, marcado para o dia 31 de outubro, agradaram as asssociações do setor eólico e solar. Para a fotovoltaica, o preço foi estabelecido em R$ 262/MWh e para a eólica, em R$ 144/MWh. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, que pedia um preço entre R$ 250/MWh e R$ 300/MWh, diz que com o valor estabelecido é possível contratar entre 500 MW e 1 GW da fonte.
"A ABSOLAR enxerga que há espaço para a solar fotovoltaica contribuir de maneira mais profunda do que a EPE tem incluído em suas previsões", apontou Rodrigo Sauaia, diretor-executivo da entidade. Ele se refere ao fato de que o Plano Decenal de Energia 2023 prevê uma contratação da fonte de 500 MW por ano até o final do horizonte do plano. "Achamos mais adequado trabalhar com uma perspectiva perto de 1 GW, até para que a gente consiga de fato trazer para o mercado brasileiro a fabricação de células fotovoltaicas", comentou.
Ele explicou que 500 MW por ano é o que uma única fábrica precisa para se tornar competitiva no país. "Como o BNDES não pretende incentivar monopólios, é necessário que se instale pelo menos duas fábricas no país de produção da célula até 2020. Para que isso aconteça a gente precisa de um sinal de demanda alinhado com essa necessidade, ou seja, para duas fábricas, 1.000 MW por ano", salientou o executivo. Para esse leilão especificamente, a associação vê um ponto de risco, que é a alta recente do dólar. Como a maior parte dos equipamentos vão ser importados, o preço deles estará atrelado ao dólar. "A expectativa é que esse leilão comece a fomentar justamente um aumento de capacidade produtiva do país", declarou.
Alguns pontos, ainda na opinião de Sauaia, precisam ser aprimorados. Um deles é o contrato, que atualmente é de 20 anos. Ele justifica que os módulos fotovoltaicos tem garantia de fábrica de 25 anos e que os contratos poderiam ser também de 25 anos. "Isso garante maior período contratado e consequentemente uma expectativa de retorno do projeto mais adequada. Além disso, o empreendedor consegue melhores condições de financiamento com o BNDES, voltando a ter opções de 20 anos", aponta o executivo. Atualmente, o prazo máximo de financiamento é de 16 anos.
Elbia Melo, diretora executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, aposta em uma contratação majoritária da fonte eólica no certame e diz que esse será uma leilão experimental para solar. Ela também acredita que a contratação para a fonte solar deve ficar em torno de 500 MW. Já para a eólica, a perspectiva de contratação é de mais de 1 GW. "Como é um leilão de Reserva, a demanda não depende das distribuidoras, mas da disposição do governo em aumentar a capacidade de reserva do país. No momento, em que estamos enfrentando uma certa dificuldade de suprimento e pensando numa mudança de matriz elétrica no médio e longo prazo, a perspectiva de contratação é muito boa", avaliou.
Quanto ao preço de R$ 144/MWh, Elbia analisa que ele segue a trajetória de atender os riscos do setor e a racionalidade de recursos do segmento. "A partir de 2013 nós percebemos uma sinalização de recuperação do preço-teto por parte do governo e o resultado médio do último certame foi de R$ 129/MWh. Então, esse preço de R$ 144/MWh é viável sim", sinalizou a executiva.