24/05/21 | São Paulo
Vídeo foi feito com estudantes do ensino médio no Brasil. Pesquisadora do RS fala sobre a importância de se ter igualdade de gênero em uma área em que a atuação masculina ainda é predominante.
Com o intuito de incentivar mais mulheres a seguirem profissões no ramo de energias renováveis, área em que a atuação masculina ainda é predominante, a Rede de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol) produziu um vídeo com estudantes do ensino médio. A ação foi publicada na revista científica “Nature”, no início de maio.
As jovens eram questionadas se conheciam profissões que envolvessem a área de energias renováveis. Após falarem sobre a carreira, as alunas puderam ver exemplos de mulheres que atuam em diferentes centros de pesquisa e ensino e empresas de energia solar fotovoltaica do Brasil. [Assista abaixo].
A engenheira eletricista Aline Kirsten, doutoranda em engenharia civil e pesquisadora do Laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina, fala da importância de mostrar para jovens mulheres as oportunidades no mercado de trabalho.
“A ideia é mostrar para meninas mais novas como o setor tem mulheres, como que é possível as mulheres entrarem, é um setor que a gente pode ser valorizada ali dentro, e tentar incentivar elas a se verem naquele local, elas se enxergarem”, afirma.
“A ideia é mostrar para meninas mais novas como o setor tem mulheres, como que é possível as mulheres entrarem, é um setor que a gente pode ser valorizada ali dentro, e tentar incentivar elas a se verem naquele local, elas se enxergarem”, afirma.
A Rede MESol iniciou uma campanha nas redes sociais, chamada de “Mulheres de Energia”. O vídeo foi produzido com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ – GmbH, e os parceiros Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério da Educação (MEC).
‘Fazer com que o setor fique mais justo’
A energia solar cresceu bastante no Brasil nos últimos tempos. Em 2019, o Brasil ocupava a 8° posição no ranking mundial dos países que mais empregam na área, com cerca de 43 mil pessoas trabalhando no setor.
No Rio Grande do Sul, a energia solar cresceu quase 42% durante a pandemia. O estado é responsável por 13% da geração em todo país, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
Mas, apesar do grande aumento, a atuação masculina ainda é maioria. Segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), apenas 32% dos postos de trabalho do setor de energia renovável mundial é ocupado por mulheres.
A doutora em Energia Solar Fotovoltaica e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Aline Cristiane Pan fala da importância de se ter igualdade de gênero.
“A parte técnica mesmo de engenharia, física, tem poucas [ mulheres]. Então, a gente tem várias ações. A gente está tentando, realmente, minimizar esse impacto, tentar fazer com que o setor fique mais justo. Que mais mulheres entrem nesse setor e permaneçam”, relata.
“A parte técnica mesmo de engenharia, física, tem poucas [ mulheres]. Então, a gente tem várias ações. A gente está tentando, realmente, minimizar esse impacto, tentar fazer com que o setor fique mais justo. Que mais mulheres entrem nesse setor e permaneçam”, relata.
Conectando mulheres de diferentes realidades
A Rede MESol é um grupo de mulheres com formação científica e técnica que pesquisam, ensinam e trabalham com aplicações na área da energia solar.
O coletivo se reuniu em torno do diagnóstico compartilhado sobre a desigualdade de gênero no setor energético, com o objetivo de conectar, apoiar e inspirar mulheres para atuarem ativamente no processo brasileiro de diversificação e transição energética.
A rede nasceu em 2019 após um encontro em Florianópolis, em Santa Catarina.
“Eu tenho o prazer de trabalhar em um laboratório que, na verdade, tem uma representação feminina muito forte, a maioria das engenheiras eletricistas são mulheres. A gente estava discutindo como era legal ter muitas mulheres naquele laboratório, e a gente se perguntou, ‘como é no resto do Brasil?’ ‘Cadê essas outras mulheres?’ Porque a gente tinha a visão de professores de outros locais, em que a maioria era homens”, afirma Kirsten.
“Eu tenho o prazer de trabalhar em um laboratório que, na verdade, tem uma representação feminina muito forte, a maioria das engenheiras eletricistas são mulheres. A gente estava discutindo como era legal ter muitas mulheres naquele laboratório, e a gente se perguntou, ‘como é no resto do Brasil?’ ‘Cadê essas outras mulheres?’ Porque a gente tinha a visão de professores de outros locais, em que a maioria era homens”, afirma Kirsten.
Depois do primeiro encontro, o grupo foi crescendo com voluntárias de todos os estados do país. Com a pandemia, os encontros passaram a ser online.
“Foi um crescimento orgânico, que, talvez, se não tivesse a pandemia, não teria se conectado tantas pessoas de tantas realidades”, conta Pan.
A rede foi criada por cinco cofundadoras. Mas, atualmente, já são mais de 20 voluntárias, além de outras mulheres que também contribuem.
“Mapeamos uma plataforma que se chama Kumu, que faz a conexão das mulheres. Elas colocam os currículos lá, se tu quer uma palestrante, uma entrevistada, tu pode buscar lá uma mulher. Porque a desculpa é essa, muitas vezes, “ah, não tem palestrante”, “tem uma vaga, mas não tem mulher qualificada”. Nós somos poucas, mas temos muitas mulheres qualificadas”, relata Pan.
“Mapeamos uma plataforma que se chama Kumu, que faz a conexão das mulheres. Elas colocam os currículos lá, se tu quer uma palestrante, uma entrevistada, tu pode buscar lá uma mulher. Porque a desculpa é essa, muitas vezes, “ah, não tem palestrante”, “tem uma vaga, mas não tem mulher qualificada”. Nós somos poucas, mas temos muitas mulheres qualificadas”, relata Pan.
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
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Geração de energia solar cresceu no Rio Grande do Sul em meio a pandemia (Foto: Reprodução/RBS TV)
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Energia solar cresce em todo o país. Foto tirada de placas instaladas na estação do metrô, em Fortaleza. (Foto: Governo do Ceará/Reprodução)