Adesão a energia solar cresce 44% impulsionada por conta de luz alta

19/07/21 | São Paulo

Reportagem publicada no MT Diário

Com a crise hídrica enfrentada pelo país e os recorrentes reajustes na conta de luz, mais consumidores estão procurando reduzir os gastos com energia elétrica e adotando fontes alternativas. Entre as modalidades, a energia solar se tornou uma aposta de destaque, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Somente no primeiro semestre de 2021, foram 142.199 novas adesões de consumidores à modalidade – número 44,3% maior que o crescimento verificado no primeiro semestre de 2020 – quando foram 98.502 novas miniusinas.

Os clientes vão desde consumidores residenciais ou comerciais que instalam painéis nos telhados interessados em gerar boa parte da energia que consomem até cooperativas que produzem a energia normalmente em áreas maiores – conhecidas como fazendas solares – e negociam a geração de créditos que podem ser usados pelo consumidor no consumo de energia elétrica.

Segundo a ABSOLAR, associação das empresas de energia solar, o mercado cresce desde 2012, quando a Aneel iniciou a regulamentação que afeta o segmento. Os consumidores têm como atrativos a possibilidade de contribuir com o meio ambiente e a de economizar. A associação estima que um sistema fotovoltaico bem dimensionado pode reduzir os gastos com eletricidade em até 95%.

A pandemia e a conta de luz alta com o retorno das bandeiras vermelhas em dezembro do ano passado se tornaram novos ingredientes nesse mercado. “As pessoas passaram a valorizar mais o tempo dentro de casa, ficaram mais de olho na conta de luz. Algumas aproveitaram reforma da casa para instalar painéis. E o aumento da conta chama ainda mais a atenção para o assunto”, afirma.

Empresas do setor confirmam o aumento da procura. Segundo a Sun Mobi, que conecta geradores de energia solar e possíveis clientes, a busca cresceu 40% em junho, quando houve o retorno da bandeira vermelha patamar 2 na conta de energia – a tarifa mais cara entre as existentes. No mesmo mês, a Aneel aprovou ainda um aumento do valor dessa tarifa.

A expansão acontece em todos os estados do Brasil. Minas Gerais, onde há benefícios tributários mais relevantes, foi o segundo estado com mais clientes novos no primeiro semestre – 23.614. Número bem próximo do de São Paulo – 23.973, que ficou em primeiro lugar.

Outro fator que favorece a expansão são valores mais acessíveis em relação ao praticado nos primeiros anos. A estimativa é que os custos tenham caído 80% dede 2012. Guilherme Susteras calcula que a instalação em uma casa atualmente pode variar de R$ 10 a R$ 50 mil dependendo do tamanho e do consumo esperado. E o retorno do investimento pode ser alcançado entre 4 de 8 anos, de forma geral, dependendo também de vários fatores como a irradiação solar no local.