Associações do setor elétrico avaliam preços-teto de leilões

21/11/17 | São Paulo

Brasil Energia

O setor elétrico começa a absorver as definições mais recentes para os leilões de energia nova marcados para dezembro, que podem destravar novos negócios nos próximos anos. As restrições na transmissão e preços-teto considerados em geral atrativos – há quem discorde, como o presidente da Abraget, Xisto Vieira Filho -, aumentam a expectativa por uma forte concorrência nos leilões, cuja demanda é desconhecida.

O preço de partida mais alto das concorrências, de R$ 329/MWh foi bem recebido pelo setor solar, que considerou a definição como “uma sinalização para o mercado nacional e internacional do interesse do governo federal na contratação da fonte”, segundo o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia. “Há um volume representativo de 18,3 GW cadastrados, sinalizando um apetite grande do mercado. Nossa expectativa é que o governo responda a esse interesse, com um apetite positivo para o volume a ser contratado”, diz.

Com a competição, Sauaia acredita que há espaço para queda de preço. “A nossa recomendação é que empreendedores sejam responsáveis na alocação de preços, para que tenhamos ao final do leilão não só projetos vencedores, mas projetos que sejam efetivamente construídos e entrem em operação”. A fonte participará apenas do A-4, que contrata projetos para entregar energia a partir de 2021.

Já o presidente da Abraget, Xisto Vieira Filho, considerou que o valor teto para as térmicas a gás no leilão A-6, de R$ 319/MWh é considerado baixo. Para ele, o ideal seria algo em torno de R$ 360/MWh, para que o empreendedor tenha margem suficiente para conseguir tirar o projeto do papel no prazo.

“É um teto baixo, principalmente se levar em conta que as térmicas vão ter gás natural liquefeito”, diz Vieira Filho. O preço do GNL é considerado mais alto que a molécula importada vinda da Bolívia.
Vieira Filho ponderou que tudo dependerá realmente do valor do deck – conjunto de parâmetros calculados no modelo Newave, que fará uma simulação de como estará a operação da usina daqui a uma década. Esses dados é que mostrarão se o valor estipulado é realmente baixo ou não.

Para a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, considerou o patamar “razoável” para atrair investidores nacionais e internacionais, permitindo uma competição saudável. “Importante notar que a eólica é fonte com menor preço-teto entre todas as fontes, o que é um importante indicativo do seu potencial competitivo”, observou.

Ainda resta a definição das condições de financiamento oferecidas pelo BNDES, que passa por uma transição em sua taxa básica de juros. A divulgação ajudará empreendedores a definir os preços de seus projetos.