Aumento na conta de luz chega a 15% no Ceará, projeta Sindienergia

21/03/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo O Povo

Se confirmado no próximo mês pela Aneel, percentual será o maior dos últimos seis anos no Estado

A estimativa dos especialistas do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE) é de que o reajuste anual de energia calculado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o Estado alcance os dois dígitos em 2022, ficando entre 10% e 15%. A decisão será divulgada no próximo mês e, se confirmada, deve elevar ainda mais as contas de luz dos cearenses. Em, 2011, o reajuste médio aprovado havia sido de 8,95%. Se confirmado o percentual médio, de 11%, será o maior em seis anos.

Procurada pelo O POVO, a Enel informou não ter nenhum dado antes da divulgação oficial da Aneel. A crise hídrica e as dívidas acumuladas pela Aneel junto às distribuidoras e em virtude da compra de energia termelétrica para suprir a demanda de energia no período de maior escassez no ano passado são sinalizadas como os principais motivos da alta.

Apesar do movimento de transição energética observado no País, no qual fontes como eólica e solar são disseminadas, o presidente do Sindienergia-CE, Luis Carlos Queiroz, avalia que a dependência da geração das hidrelétricas ainda é muito alta. “Hoje, solar e eólica representam, juntas, 13,8% na nossa matriz energética e cerca de 57% da energia gerada no País ainda advém das hidrelétricas, uma fonte de energia limpa, mas limitada e dependente de boas chuvas”, diz Queiroz.

Na análise da somatória da Tarifa de Energia (TE), que é o valor da energia consumida nas residências mensalmente em reais por kilowatt/hora (R$/kWh.); mais a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), valor em R$/kWh referente ao uso do sistema de distribuição de energia elétrica residencial, o maior índice observado foi em 2021, com elevação de 7,19%; seguido por 2019, com 7%; e 2018 com 3,81%. Os aumentos para outras classes de clientes, como comércios e indústrias, foi ainda maior no período.

O diretor de Geração Distribuída do Sindienergia-CE, Hanter Pessoa, alerta ainda que o aumento de abril não está relacionado a bandeira tarifária, custo extra que vem na conta em virtude da escassez hídrica e a necessidade da utilização das termoelétricas. “A bandeira de escassez hídrica que estamos pagando ainda hoje é referente a 2021. Se continuarmos com os problemas da seca teremos novamente bandeiras tarifárias”, observa.

Atualmente, até abril de 2022, a bandeira em vigor para grande parte dos consumidores, é a da Escassez Hídrica, no valor de R$ 14,20 a cada 100 quilowatt-hora consumidos. A Bandeira Escassez Hídrica foi criada por determinação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), estabelecida pela Medida Provisória nº 1.055/2021. Essa bandeira realiza o custeio do acionamento excepcional de usinas térmicas e da importação de energia. Além de ser usado para equilibrar as receitas e despesas da Conta Bandeiras até abril de 2022.

Como solução para o problema hídrico, o diretor do sindicato acredita que um maior desenvolvimento das energias renováveis combinado com a expansão do mercado livre em energia, com projeto que já está em tramitação na Câmara Federal, seria indicado. Quanto mais pessoas aderirem à autoprodução de energia a curto prazo, mais rápido será o avanço na transição energética.

“Hoje, para contas residenciais, a partir de R$ 300, R$ 400, a gente já recomenda a produção da própria energia, por meio de sistemas solares fotovoltaicos. Para o meio empresarial, as opções são ainda maiores, como, por exemplo, uma combinação de soluções, unindo a autoprodução de energia, compra de energia no mercado livre, gestão de custos e digitalização, que é o que propõe a Energia 4.0, por exemplo”, acrescenta hanter Pessoa.

Carga de energia no sistema elétrico nacional sobe 1,1% em fevereiro

A carga de energia no Brasil subiu 1,1% em fevereiro deste ano, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), na comparação com fevereiro de 2021, chegando a 73.771 megawatts (MW) médios de volume total, no Sistema Interligado Nacional (SIN).

Já na comparação com o mês de janeiro deste ano, o aumento foi de 2,1%. No acumulado dos últimos 12 meses (março de 2021 a fevereiro de 2022), a carga do Sistema Interligado Nacional teve variação positiva de 3,7%, na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.

O ONS informou também que todos os quatro subsistemas que compõem o SIN tiveram variação positiva em fevereiro de 2022. O subsistema Sul teve a maior expansão, com 13.660 MW médios, alta de 3,5% em comparação com fevereiro de 2021. Na sequência, veio o subsistema Nordeste, com aumento de 0,7% e 11.806 MW médios. Por sua vez, o subsistema Norte teve elevação de 0,6% e 5.764 MW médios. O menor aumento percentual se deu no subsistema Sudeste/Centro-Oeste apresentou alta de 0,5%, com 42.541 MW médios.

De acordo com o relatório do ONS, influenciaram nos percentuais atuais, o maior número de dias úteis em relação a fevereiro do ano anterior e as altas temperaturas observadas em todo o País nas últimas semanas de fevereiro, com destaque para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul, que causaram um aumento significativo do uso de aparelhos de refrigeração.

Por outo lado, a desaceleração de segmentos da economia já tem se refletido diretamente na carga de energia em 2022, aponta o ONS.

Caléndario previsto de divulgação de bandeiras tarifárias

Março: 3/25/2022

Abril: 4/29/2022

Maio: 5/27/2022

Junho: 6/24/2022

Julho: 7/29/2022

Agosto: 8/26/2022

Setembro: 9/30/2022

Outubro: 10/28/2022

Novembro: 11/25/2022

Dezembro: 11/25/2022

Fonte: Anel

Dicas para economizar na conta de luz

Substitua suas lâmpadas

Instalar lâmpadas econômicas e aumentar a eficiência energética da sua casa. As lâmpadas com baixo consumo de energia, ou lâmpadas LED, usam 75% menos energia e duram 25 vezes.

Opte por eletrodomésticos com o Selo Procel

Trocar os aparelhos antigos por novos, com maior eficiência energética. Os utensílios mais econômicos são projetados para usar menos eletricidade. É fácil encontrar eletrodomésticos com baixo consumo de energia. Procure pelo Selo Procel.

Retirar da tomada equipamentos

Você sabe o que é uma carga “fantasma”? É um dispositivo eletrônico que é desligado, mas ainda assim consome eletricidade da tomada. Aparelhos como televisores, impressoras, computadores e carregadores de dispositivos consomem energia mesmo quando não estão em uso. Outra opçõão é usar réguas inteligentes.

Instale energia solar

Abastecer a residência com energia solar é a melhor maneira de tornar a casa mais sustentável, econômica e valorizada. Os painéis solares levam a eficiência energética para um patamar elevado, aproveitando as vantagens da energia renovável e reduzindo sua dependência de combustíveis fósseis.

Para os empresários

Para o meio empresarial, as opções são ainda maiores, como, por exemplo, o que propõe a Energia 4.0. Uma combinação de soluções, unindo a autoprodução de energia solar, compra de energia no mercado livre, eficiência energética e gestão de custos.

FONTE: Sindienergia-CE

Carga

A carga de energia no Brasil subiu 1,1% em fevereiro deste ano, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), ante fevereiro de 2021, chegando a 73.771 MW médios de volume total, no Sistema Interligado Nacional (SIN).