Austrália purifica água com sistema alimentado por energia solar

26/10/20 | São Paulo

FotoVolt 

Tecnologia visa atender comunidades remotas, fora da rede elétrica, e foi aplicada com sucesso em aldeia indígena.

Um projeto inovador na Austrália está levando água potável para comunidades remotas e desérticas, não atendidas por redes de energia elétrica e de abastecimento de água, por meio de um sistema que utiliza painéis solares fotovoltaicos e conjunto de baterias. Liderado pelas empresas australianas Aurecon e Ampcontrol, o projeto foi implementado, em uma primeira experiência, em aldeia indígena no norte do país chamada Gillen Bore, que antes disso precisava ser abastecida por caminhões-pipa. No início deste mês, a inciativa recebeu o prêmio Chris Binnie de Gestão Sustentável da Água da The Institution of Civil Engineers (ICE), uma associação profissional com sede no Reino Unido com mais de 95 mil membros. O prêmio é concedido a projetos que "beneficiaram a sociedade, melhorando a sustentabilidade da água".

Batizada de Gilghi, a tecnologia plug-and-play desenvolvida pelas empresas utiliza alimentação híbrida, com módulos fotovoltaicos, gerador a diesel de reserva e armazenamento em baterias, o que permite a operação ininterrupta do sistema responsável pela dessalinização e filtração da água subterrânea de alta salinidade, dureza e baixos níveis de pH.

Com a geração solar, há energia durante o dia para a operação do sistema de tratamento da água e para carregar as baterias. Para isso, foi necessário o desenvolvimento de sistema de controle elétrico especializado que permite o uso de várias fontes de energia para purificar a água de forma confiável em lotes, antes de injetar a água limpa na rede de abastecimento da comunidade.

O projeto foi apoiado pelo governo local com subsídio de 70 mil dólares australianos para fins especiais de serviços essenciais. Além da água subterrânea, o sistema pode ser alimentado com água de rios, lagos e mesmo oceanos, já que a tecnologia tem capacidade de dessalinizar a água do mar. Depois da experiência nessa comunidade, que rendeu recentemente mais três premiações importantes da comunidade científica australiana, a ideia é difundir o sistema para outras áreas remotas na Austrália, país onde 40% do território é caracterizado por desertos ou zonas semiáridas.