Bancos ainda avaliam como será liberação de crédito do BNDES para pessoa física instalar energia solar

27/06/18 | São Paulo

G1

BNDES anunciou R$ 300 milhões, mas BB e Caixa não acertaram como essa linha de crédito será oferecida; para instalar sistema em casa, consumidor deve avaliar a custo, área disponível e prazo.

O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) anunciou a liberação de crédito para a instalação residencial de sistemas de energia fotovoltaica (ou energia solar, como é mais conhecida), mas esse tipo de serviço ainda gera dúvidas entre as pessoas que têm interesse em fontes alternativas deenergia.

É o que diz o presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. Ele diz que já recebeu relatos de pessoas que buscam crédito em agências da Caixa e do Banco do Brasil (que irão repassar os recursos do BNDES aos clientes), mas não conseguem informações.

“O setor tem reportado dificuldades em acessar esse crédito junto aos bancos. Muitas vezes, o cliente vai no banco, fala dessa linha e a agência não está preparada”, aponta Sauaia.

Em nota, o Banco do Brasil diz que o “assunto ainda encontra-se em análise no âmbito do BB”. Já a Caixa diz que “está avaliando novas modalidades” para financiamento de instalação de sistemas deenergia fotovoltaica.

A medida do BNDES foi anunciada no começo de junho. O banco de fomento criou o “Fundo Clima”, que permite o financiamento de até 80% dos custos para instalar sistemas de energia fotovoltaica, a juros a partir de 4,03% ao ano.

A novidade é que as pessoas físicas também podem aderir, o que significa crédito para instalar sistema de energia solar em casa. Empresas ou órgãos governamentais com renda de até R$ 90 milhões no ano também podem aderir.

O diretor de escola José Nilton Alves da Motta, de 60 anos, decidiu procurar um sistema de energiapara sua casa, em Mairiporã (SP), em 2016. Dois anos depois, ele garante que a medida resultou em uma economia significativa.

“Eu pago hoje por mês em torno de R$ 60 de conta de luz. Antes, chegava a até R$ 280. Hoje, seria uns R$ 300”, calcula ele. “No longo prazo que o sistema se paga.”

Outra vantagem que Motta aponta é que, quando o sistema produz mais energia do que ele consome no mês, ele pode vender o restante para a concessionária. Isso costuma acontecer em épocas de maior incidência de luz solar, como nos meses de verão.

A instalação de um sistema de energia fotovoltaica depende que a empresa, residência ou condomínio tenha o espaço para instalar os painéis, como telhados. Sauaia afirma que a economia com a conta de luz pode chegar a 90%.

ANTES DA INSTALAÇÃO:

Pelas últimas contas de luz, é importante saber qual é o consumo médio de sua residência

Procurar empresas especializadas para fazer avaliações da área disponível e orçamentos

Pesquisar linhas de crédito e estudar se, pelo prazo em que o sistema vai se pagar, o investimento compensa

Para saber quantos painéis são necessários para produzir a energia que um imóvel precisa, o consumidor deve verificar as últimas contas de energia para verificar qual é o consumo médio da família. Depois, ele precisa procurar empresas de instalação desse tipo de sistema para que sejam feitas avaliações e passados os orçamentos.

“A partir das informações da conta é que a empresa vai fazer um dimensionamento do sistema para verificar qual tamanho seria necessário para reduzir os gastos”, diz Sauaia. O custo médio por projeto de instalação numa residência, segundo o presidente da associação, é de aproximadamente R$ 15 mil.

O passo seguinte, se o consumidor não quiser fazer o pagamento à vista, é buscar o financiamento para a instalação do sistema. “Muitas vezes a empresa também ajuda o cliente a buscar o financiamento para seu projeto”, diz Sauaia.

Assim, ele calcula que o montante de R$ 300 milhões anunciados pelo BNDES para financiar instalações seja suficiente para cerca de 20 mil sistemas fotovoltaicos.

Os recursos do BNDES serão repassados pelo BB e pela Caixa, que dizem que ainda estão avaliando como irão trabalhar com essa linha. Mas, antes do “Fundo Clima”, os bancos já trabalhavam com linhas de crédito que abrangiam a instalação de sistemas de energia solar.

A Caixa disse, em nota, que “possui linhas que podem ser destinadas ao financiamento de equipamentos de energia fotovoltaica”, como Construcard, o Crédito Imóvel e o Crédito Pessoal Inteligente. “As taxas de juros para as linhas citadas partem de 1,45% a.m. e o prazo máximo pode chegar a 240 meses, com até 06 meses de carência, viabilizando assim os projetos de energiafotovoltaica”, diz o banco.

Já o Banco do Brasil informou que “desenvolveu o Programa Agro Energia em 2017, destinado aos produtores rurais e suas cooperativas, com o objetivo de financiar a implantação de usinas geradoras de energias alternativas renováveis”. As taxas e prazos de pagamento variam.

Nos bancos privados também é possível obter financiamento para a instalação de energiafotovoltaica.

No Santander, há uma linha para aquisição do sistema fotovoltaico (placas, inversores e instalação) desde 2013. As taxas vão de 1,69% a 1,9% ao mês, e o prazo é de até 36 meses.

No Bradesco, há 1 ano existe uma linha de financiamento para compra e instalação de equipamentos para geração de energia fotovoltaica, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. As taxas são entre 1,80% e 1,86% ao mês, “conforme o prazo da operação, que pode ser de até 60 meses”. Dependendo do perfil do cliente, o banco financia até 100% do valor da instalação.

Já o Itaú Unibanco não tem uma linha voltada especificamente para esse fim, mas disse em nota que oferece um serviço chamado “Orientador de Crédito, que ajuda os clientes a entenderem qual a melhor linha de crédito para ele de acordo com seu objetivo”.