Bauru mantém discussão por outras alternativas para sentença da CPFL

26/03/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo JC Net

Análise de políticos e de profissional são as de que uma usina fotovoltaica seria boa opção à simples troca de lâmpadas

Após a apresentação formal da proposta de acordo da CPFL Energia, em cumprimento a sentença em ação movida pelo Ministério Público Federal, por cobranças indevidas relacionadas à tarifa social, e que prevê a substituição de lâmpadas convencionais por led, em parte da rede de energia elétrica de Bauru, com investimento de R$ 12,4 milhões, dúvidas persistiram entre políticos e profissionais da área quanto à viabilidade da criação de uma usina fotovoltaica como alternativa melhor à que propôs a companhia, na última quarta-feira (23).

O presidente da Câmara, Markinho Souza (PSDB), foi um dos primeiros a enxergar na geração própria de energia um investimento que resultaria em grande economia para o município, dentro do acordo costurado pelo procurador da República Pedro Antônio de Oliveira Machado. Ainda na primeira reunião sobre a proposta, Markinho se posicionou sobre a importância de serem consideradas opções. “Faltou, por parte da prefeitura, agilizar estudos e que um profissional independente fizesse estes estudos para ter uma alternativa ao projeto da CPFL, porque a companhia fez a proposta ao MFP e ela mesma apresentou um estudo indicando números de outras alternativas. Não se trata de duvidar ou questionar, mas prezar pela clareza de dados”, comentou. O recurso de R$ 12,4 milhões é importantíssimo para Bauru, na avaliação de Markinho, por isso qualquer posicionamento é menos relevante. “Essas são reflexões que precisamos fazer tendo em vista que vai ser tramitado um projeto na Câmara que vai precisar do aval dos vereadores, então, como presidente, preciso estar bem preparado para o debate”.

ENDOSSADAS

As reflexões feitas pelo parlamentar foram endossadas pelo engenheiro eletricista, especializado em robótica e mecatrônica, e professor aposentado da Unesp/Bauru Regiel Luiz Mesquita Gambetti, que também é diretor executivo da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru (Assenag). Regiel ponderou que um estudo aprofundado poderia mostrar a viabilidade das placas fotovoltaicas, considerando a tecnologia e a experiência da própria CPFL.

As alegações do especialista se baseiam no tempo médio de vida útil das lâmpadas de led (cinco anos) e das placas de captação de energia (30 anos). A diferença na economia anual apontada pela CPFL, de R$ 3,8 milhões com led e R$ 1,1 milhão com as placas, também foi considerada por Regiel, ao analisar outras questões, como a necessidade de troca das lâmpadas, após seu período de utilidade. “Em cinco anos vai trocar tudo de novo, mas não queimam tudo de uma vez, há um custo para fazer essas trocas. Enquanto as placas estarão em um lugar só”, comentou.

Pontos ressaltados como negativos pela CPFL para a geração própria de energia pela prefeitura, como disponibilidade da área de 60 mil metros, custo de instalação e a construção de uma subestação poderiam ser cobertos pelo próprio investimento, segundo ele. Já impostos e taxas decorrentes da geração de energia e uso da rede, que também foram apontados pela concessionária, poderiam ser custeados pela prefeitura pelos créditos que seriam gerados pelo fornecimento da energia na rede. “Com R$ 12,4 milhões podemos construir essa usina? Podemos! E a subestação deve estar no pacote, para servir de entreposto, não é algo separado”.

O principal beneficiado por uma possível usina fotovoltaica seria o Departamento de Água e Esgoto (DAE), que paga anualmente à CPFL cerca de R$ 34 milhões anuais em sua conta de luz. A necessidade de economizar é urgente, considerou o presidente Marco Saraiva, que lamentou a falta de tempo para apresentação de um estudo neste sentido.