10/03/22 | São Paulo
Reportagem publicada no Jornal Folha Nordeste
Objetivo é ampliar uso da energia limpa na região com implantação de cerca de 1.600 sistemas geradores com redução de até 90% nas contas de luz
Emissão de R$ 60 milhões em debêntures verdes, que viabiliza a operação, conta com 95% de participação do banco
Região ainda possui cerca de 250 sistemas isolados que contam com geração térmica e diesel para o fornecimento de energia elétrica
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou operação que permitirá o consumidor de energia da Região Norte do Brasil, principalmente da Amazônia, a substituir seus geradores a diesel por usinas fotovoltaicas. O banco adquiriu 95% dos R$ 60 milhões em debêntures “verdes” emitidas pela Amazônia Solar Companhia Securitizadora de Créditos Financeiro. A emissão viabilizará a parceria com a fintech Solfácil, especializada em financiar a instalação de sistemas de microgeração solar fotovoltaica.
A operação permitirá o financiamento a cerca de 1.600 projetos num prazo de até 150 meses para a instalação de sistemas solares fotovoltaicos em residências e empresas localizadas na região. Será a Solfácil a responsável por avaliar a capacidade do contratante e do contratado, além de verificar a viabilidade do sistema para o consumidor antes de aprovar o crédito.
Cada investimento, na ponta, deverá apresentar um custo médio em torno de R$ 37 mil e será 100% financiado. Ao todo, serão cerca de 12 MWp de capacidade instalada, equivalente ao consumo de quase sete mil famílias.
Esta é a primeira vez que o BNDES atua neste formato. O volume total estimado de carbono evitado é da ordem de 30.500tCO2e em 15 anos, que é equivalente a emissão de 1.017 veículos por ano.
Trata-se de operação piloto, visando promover a aceleração da geração solar distribuída na Região Norte, na qual existem problemas de fornecimento de energia e cerca de 250 Sistemas Isolados que utilizam a geração térmica a diesel para fornecimento de energia elétrica.
Na opinião da diretora de Concessão de Crédito à Infraestrutura do BNDES, Solange Vieira, a operação é inovadora na forma de atuação do BNDES, ao permitir o acesso do consumidor final aos recursos do BNDES sem a intermediação tradicional de bancos. “A operação vai contribuir para democratizar o acesso à geração solar para os consumidores de energia da Região Norte, permitindo maior acesso ao crédito na ponta e promovendo a desconcentração bancária”.
Outro benefício para o consumidor é a redução no gasto com contas de luz, estimada em até 90%. A compensação será suficiente para pagar o financiamento. Após a liquidação do empréstimo, o consumidor será o proprietário do sistema fotovoltaico, quem tem uma durabilidade prevista de 25 anos.
Do ponto de vista do desenvolvimento regional, serão gerados novos empregos e renda para a Região Norte, sobretudo para os instaladores locais dos sistemas fotovoltaicos.
O gerente Rodrigo Bacellar, da Área de Energia do BNDES, destacou que a operação reitera o compromisso do BNDES com o desenvolvimento sustentável: “O BNDES, junto com a Solfácil, está construindo uma iniciativa focada na transição energética da Amazônia, por meio do melhor aproveitamento de recursos renováveis disponíveis, beneficiando milhares de consumidores de energia da Região”, afirmou. Já, Fábio Scherma, chefe do Departamento de Energia Elétrica do BNDES ressalta que “este é um projeto piloto a partir do qual o Banco espera desenvolver muitos outros, em parceria com o mercado”.
As debêntures são caracterizadas como “verdes”, com base nas diretrizes do Green Bond Principles, emitidas pela International Capital Market Association (ICMA), conforme desempenho socioambiental avaliado por consultoria especializada em parecer independente.
Sobre o BNDES – Fundado em 1952 e atualmente vinculado ao Ministério da Economia, o BNDES é o principal instrumento do Governo Federal para promover investimentos de longo prazo na economia brasileira. Suas ações têm foco no impacto socioambiental e econômico no Brasil. O Banco oferece condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, além de linhas de investimentos sociais, direcionadas para educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e mobilidade urbana. Em situações de crise, o Banco atua de forma anticíclica e auxilia na formulação das soluções para a retomada do crescimento da economia