Brasil age para reduzir emissões de metano

12/04/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo O Globo

O Brasil tem participado ativamente das discussões sobre políticas globais rumo a uma nova economia neutra em emissões de poluentes até 2050. À luz do processo de entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), iniciado em janeiro, no âmbito do Comitê de Política Ambiental, o Ministério do Meio Ambiente participou de reuniões nos dias 30 e 31 de março. Foi uma oportunidade vital para apresentar e impulsionar ações relativas a questões ambientais e climáticas realizadas por aqui.

Com o lançamento do Programa Nacional de Redução de Metano de Resíduos Orgânicos — Metano Zero, fomos o primeiro país a transformar promessas em medidas concretas: isenção de imposto federais, financiamentos específicos e criação do crédito de metano, com o objetivo de fomentar a estruturação do setor. E também foco exclusivo em resíduos orgânicos dos setores de suínos, aves, laticínios, cana-de-açúcar e aterros sanitários, o que poderá reduzir em mais de 30% as emissões totais de metano do Brasil.

O país fechou fevereiro com a maior taxa de geração de energia solar da História. Foram mais de 1,2 mil MW médios, o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. A energia eólica adicionou 5 gigawatts (GW) em capacidade instalada, um salto significativo ante os cerca de 3,6 GW de 2021, que já eram uma marca histórica. O Brasil subiu mais uma posição no Ranking de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica e ocupa agora o sexto lugar, com 21,5 GW.

Por fim, temos a implementação do mais moderno e inovador mercado regulado de emissões de carbono equivalente do mundo. Tem foco em exportação de crédito de carbono de diversas origens, como conservação e recuperação de floresta nativa, energias renováveis, agropecuária e resíduos sólidos, entre outros. Será uma única plataforma de registro de transações — com toda a segurança digital e garantia de rastreabilidade, não duplicidade, com critérios mínimos de qualidade e integridade ambiental e benefícios adicionais —, baseada em compromissos setoriais e empresariais de neutralidade climática até 2050. Efetivamente, um instrumento de gestão ambiental que promove a redução das emissões.

Durante as reuniões, pudemos destacar uma alteração nas conversas com líderes, especialmente os europeus, agora totalmente focados em energias. O desafio urgente é o fornecimento de energia em volumes relevantes e por longo prazo. O cenário geopolítico atual coloca em segundo plano as energias limpas e, consequentemente, a redução de emissões no curto prazo.

Para alcançarem suas metas de neutralidade climática a longo prazo, os países industrializados da OCDE precisarão de energia limpa em volume. Hoje, com a tecnologia do hidrogênio verde, é possível o Brasil exportá-la para a Europa num futuro próximo.

Apresentamos as possibilidades de geração de energia eólica offshore. Estudos do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a União Europeia, apontam para um cenário de enorme potencial, 700 GW, e com alta atratividade econômica. Temos um pré-sal azul, de energia eólica marinha, no Nordeste, ainda não explorado. Somado a outras fontes de energia 100% limpa, esse excedente poderia produzir hidrogênio verde, com o objetivo de tornar o Brasil um grande exportador.

Houve grande interesse dos países em incentivar investimentos privados internacionais para fomentar a estruturação de uma cadeia de energia eólica marinha totalmente limpa, integrada com hidrogênio verde. Estudos preliminares calculam serem necessários US$ 200 bilhões.

Ressalto nossa disposição em cooperar com os demais membros da OCDE no enfrentamento aos desafios comuns que nos unem, buscando sempre soluções climáticas lucrativas para os empreendedores, as pessoas e a natureza.