28/10/23 | São Paulo
Reportagem publicada no G1 e no GloboPlay
O Brasil foi o segundo país que mais gerou empregos no setor de energia renovável em 2022 e os especialistas dizem que ainda há muito potencial de crescimento nos próximos anos.
A cena da indústria de energia renovável é rara de ver. Fazenda onde cresce o mercado estratégico, fábricas que não soltam a fumaça dos combustíveis fósseis e trabalham para frear o aquecimento global. Mercado de trabalho cheio de oportunidades no Sudeste e também no Nordeste. Para o especialista e para a operária.
“Eu me formei em 2019 e já saí para o mercado de energia fotovoltaica como engenheiro projetista. Agora, eu estou aqui como especialista de produto”, fala Lucas Almeida de Jesus.
“Aqui tem muitos empregos, muitas pessoas que estão fora, que nunca trabalharam com essa atividade. Que nem pessoas que trabalhavam com atividades domésticas, pessoas que não têm nenhum tipo de estudo. Aqui eles dão muita oportunidade”, explica a coordenadora de produção Andreia Soares dos Santos.
O diretor da empresa, Jean Charles Pechino, fala do progresso da energia renovável. “Há dez anos começamos como uma startup, em seis anos nós multiplicamos o nosso faturamento por 300. Foi um crescimento incrível”
Um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável e da Organização Internacional do Trabalho coloca o Brasil como o segundo país que mais gerou emprego em 2022 no setor. Foram 1,4 milhão de vagas, atrás apenas da China e à frente dos Estados Unidos e da Índia.
Uma máquina que veio da China em 11 contêineres precisou de oito meses para a montagem e mais de Us$ 6,5 milhões de investimento para dobrar a capacidade da fábrica. E o país está cheio de exemplos como esse, de investimento na indústria da energia limpa. Os especialistas dizem que, apesar de já ocupar um lugar de destaque, o Brasil ainda não tem uma produção à altura dos recursos naturais.
É sol de sobra em todo território e o vento certo, cosntante e unidirecional, além de muita água. O Brasil chama a atenção nos empregos com a geração solar, hidrelétricas, eólicas e biocombustíveis.
“A cadeia de biocombustíveis, vamos pensar na cana né, o cultivo da cana, toda a usina pra produzir o etanol, depois tem toda a cadeia de distribuição associada né… o pessoal que trabalha em posto de gasolina está vendendo etanol, ele é fruto. Esse emprego é fruto justamente da existência do biocombustível”, explica o professor titular da Escola Politécnica da USP , José Roberto Cardoso.
O gerente industrial do Bioparque, Thales Eli Dourado, explica a capacidade de produção da energia limpa. “A energia produzida serve para alimentar todos os nossos processos produtivos e o excedente, hoje, do nosso bioparque aqui em Rio Brilhante, é uma capacidade de 50 megawatt/hora, é o suficiente para a gente alimentar uma cidade de 100 mil habitantes”.
A realidade gera um enorme horizonte para o Brasil, como explica o diretor-técnico e regulatório da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Carlos Dornellas.
“Energia é uma questão estratégica para todo o país. Energia limpa e sustentável, porque as indústrias dependem de energia, as pessoas não sobrevivem sem energia e, cada vez mais, o mundo vai estar eletrificado”, conta.