“Brasil está bem posicionado mundialmente na transição energética”, diz ministro de Minas e Energia

13/04/21 | São Paulo

Reportagem publicada no Época Negócios

As perspectivas para uma economia de baixo carbono foram discutidas durante painel com executivos de grandes empresas do setor

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta terça-feira (13/04) que o país está bem posicionado no processo mundial de transição energética para uma economia de baixo carbono. Durante o Brazil Conference at Harvard & MIT, ele disse que o Brasil “possui múltiplas possibilidades de cooperação internacional e parcerias empresariais e de negócios”.

“As características da nossa matriz, do planejamento energético, do acervo de políticas e de nossas capacidades industriais e em pesquisa e desenvolvimento permitem que ocupemos uma posição privilegiada”, afirmou Albuquerque. As energias renováveis, como a hidroeletricidade, bioenergia, eólica e solar, respondem por 47% do fornecimento de energia primária no Brasil. A média mundial é de 19%. Em relação à matriz elétrica, responsável pela geração de energia no país, as fontes limpas e renováveis representam 83%.

De acordo com o ministro, mesmo com o aumento na demana por energia no país até 2030, a intensidade de carbono continuará baixa, “podendo até diminuir”. Durante o evento, que também contou com a participação de Luis Henrique Guimarães, CEO da Cosan; Maurício Bahr, CEO da Engie S/A; Fabio Zanfelice, CEO da Votorantim Energia, o governo anunciou o programa ‘Biocombustível do Futuro’, previsto para este mês.

Para Guimarães, o Brasil tem a oportunidade única de se posicionar como uma “potência verde” no cenário atual. “Temos todos os ingredientes para liderar a transição energética e o Brasil é objeto de desejo de países desenvolvidos”, diz o executivo.

Setor elétrico

Um dos principais tópicos discutidos durante o painel, o setor elétrico ainda necessita de mais investimentos e modernização. Com a pressão sobre tarifas e níveis baixos dos reservatórios, a atual configuração exige mudanças, segundo os executivos.

Segundo Zanfelice, o Brasil possui boas oportunidades, mas depende da modernização urgente. “Nós temos capital para investir, porém, a complexidade do setor elétrico aumentou muito”, disse o CEO da Votorantim Energia. “Se essa modernização demorar, minha preocupação é a de não conseguirmos orientar toda a regulação infralegal para que o setor dê conta dessa complexidade.”

Gás natural

Destinado principalmente para a indústria (43%), geração de energia elétrica (38%) e veículos movidos a gás (9%), segundo Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o gás natural é consumido por apenas 2% das residências do país. Com o reajuste pela Petrobras de 39% no preço vendido às distribuidoras, o impacto do aumento do produto deve chegar aos consumidores finais de forma indireta.

No entanto, o texto do novo marco regulatório do gás, aprovado pelo Congresso em março “é um dos maiores avanços do setor de energia em muitos anos”, segundo o ministro de Minas e Energia. De acordo com especialistas, a expectativa é a de que a mudança permita a competição no mercado, hoje monopolizado pela Petrobras, e aumente o consumo. Dessa forma, o preço poderia cair.

Para Bahr, da Engie, o gás natural será um dos principais combustíveis da transição energética no país. “Vai ajudar na redução de emissões da atividade industrial, que ainda utiliza gases poluentes, e permitir que o mercado evolua e traga mais investimentos para o Brasil”, explicou o CEO.

Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui