29/11/18 | São Paulo
Com os preços das tecnologias de energia solar caindo ano após ano, uma condição climática bastante favorável e numa perspectiva de expansão da demanda energética em 60% no país até 2040, o Brasil está atraindo investimentos de grandes empresas globais. Nesta quarta-feira, a gigante britânica de energia BP anunciou que a subsidiária Lightsource, dedicada ao financiamento e execução de projetos de energia solar, deve começar a operação no Brasil ainda em 2018.
Este é o primeiro investimento em energia solar da BP no Brasil. A petroleira britânica tem operação em campos de petróleo do pré-sal na bacia de Santos.
A exploração da bacia de Santos é hoje um dos lugares mais animadores do mundo para a empresa. A ideia com a Lightsource no Brasil é ter uma combinação de energias renováveis no nosso mix para termos um futuro de baixa pegada de carbono— disse o economista-chefe da BP, o britânico Spencer Dale, em coletiva de imprensa na sede da empresa em São Paulo.
Um dos focos da expansão da Lighsource no Brasil serão os projetos de microgeração distribuída, mercado em que consumidores residenciais ou comerciais de baixo a médio porte, como shoppings centers e pequenas indústrias, geram a própria energia que consomem por meio de painéis solares instalados em suas propriedades.
A Lightsource é a maior fornecedora de projetos de energia solar da Europa, com carteira que supera 2 gigawatts. Fundada em 2010 como uma startup com base em Londres, a Lightsource teve 43% do capital comprado pela BP em dezembro de 2017. A meta da BP é quadruplicar a geração de energia solar em projetos da Lightsource principalmente com projetos de larga escala em mercados emergentes como Brasil, Índia e o Oriente Médio.
O anúncio da BP vem a reboque de uma série de evidências de que este é um mercado em franca expansão no país. De acordo com dados da ABSOLAR, associação que reúne os fabricantes e revendedores de tecnologias para geração de energias renováveis, a geração de eletricidade por meio de painéis solares deve fechar 2018 com 2,5 gigawatts — 115% acima do patamar do ano passado.
De acordo com dados da ABSOLAR, desde 2002 já foram aportados R$ 9 bilhões na construção de usinas solares de grande porte no Brasil. Por trás desses projetos estão multinacionais como a espanhola EDP, a francesa Engie e a italiana Enel. A expectativa da associação é de que mais de R$ 11 bilhões sejam investidos até 2022 em outros projetos.
—O Brasil é um dos países com melhor oportunidade de expansão deste mercado. Temos radiação de sol de alta qualidade, bastante área disponível para as usinas, um amplo mercado consumidor de energia, além de hoje lidarmos com tarifas (de energia elétrica) bastante elevadas. Não é à toa que o Brasil seja destino natural na América Latina aos investimentos em energia solar— disse Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR.
Por trás dos resultados, está o interesse crescente dos consumidores de gerarem sua própria energia para economizar na conta de luz e ficarem livres das oscilações constantes de preços praticadas pela Aneel, agência federal que regula o mercado de energia, e repassadas pelas distribuidoras.
A tendência da energia solar só tende a crescer daqui pra frente. A participação das fontes renováveis na matriz energética do país, hoje por volta de 10%, deve crescer até 47% em 2040, segundo estimativas da BP, por causa especialmente da popularização das tecnologias de energia solar e eólica e dos biocombustíveis.