Cajazeiras na era da energia solar

07/06/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Coisas de Cajazeiras

Encravada em uma área limítrofe entre as regiões do Rio do Peixe e do Rio Piranhas na altura do Km 07 da PB 393 entre Cajazeiras e São João do Rio do Peixe surge um empreendimento descomunal que quebra a paisagem do semiárido nordestino e chama atenção dos sertanejos que por ali passam pela sua magnitude e efeito inovador na área de geração de energia.

Trata-se do Parque Solar Fotovoltaico Rio do Peixe I e II que está sendo erguido pela ENERGISA numa área de 200 hectares, na localidade de Várzea de Serrinha no município de São João do Rio do Peixe, de propriedade do médico e empresário cajazeirense Marcilio Cartaxo. Em sua primeira etapa, com conclusão prevista para outubro, a obra orçada em mais de R$ 150 milhões vai gerar 70 MW de energia e já se encontra com mais de 80% executada chegando a contratar no seu pico mais de 500 funcionários.

Com participação de apenas 7,6% na matriz energética brasileira a cadeia produtiva da energia solar além da sua importância estratégica de complementar a energia hidroelétrica chega para em médio prazo aposentar de vez as caríssimas e emergenciais centrais termelétricas movidas a poluentes combustíveis fosseis sendo as responsáveis diretas pelas famigeradas bandeiras tarifarias, vermelha e amarela, um verdadeiro terror nas contas de luz dos brasileiros alimentando a inflação, aumentando os preços dos alimentos e desorganizando as contas públicas.

Mesmo em fase incipiente a atividade da energia solar no Brasil, que já conta com 15,3 GW operacionais, apresenta números vigorosos, segundo dados da ABSOLAR-Associação Brasileira de Energia Solar, de 2012 até maio passado já foram investidos R$ 82,1 bilhões no setor, quase meio milhão de novos empregos gerados com o recolhimento de R$ 22 bilhões em impostos. Rompemos a barreira de 1 milhão de sistemas de geração própria de energia solar, instalados em casas, comércios, industrias e pequenos terrenos produzindo 10,6 GW com a expectativa de suplantar até setembro os 14 GW gerados pela mega usina hidrelétrica de Itaipu.

Em termos de energias renováveis, conforme dados da ABSOLAR de setembro de 2021, o Nordeste gera hoje, 2,4 GW em suas usinas fotovoltaicas o que corresponde a 70% da capacidade instalada da fonte em geração centralizada no Brasil. O Ceará, líder no Nordeste nessa atividade, já ultrapassou a marca de 32 mil conexões de geração própria de energia, com investimentos de mais de R$ 2 bilhões, gerando 12mil empregos que injetaram mais de meio bilhão de reais nos cofres públicos.

Na contramão desse esforço gigantesco de dotar o país de uma fonte de energia limpa e segura, alguns governadores de estados, entre eles Paraíba e Ceará, numa sanha tributaria sem limites, quebra um acordo de 2015 e passam a cobrar o ICMS sobre a energia solar. Um terrível baque, um inibidor para o desenvolvimento do setor, um retrocesso sem limites numa atividade de importância estratégica na nossa matriz elétrica.