07/12/23 | São Paulo
Reportagem publicada pela Revista Potência
A onda de calor que se instalou no Brasil nos últimos meses tem atraído mais consumidores para instalação de sistemas de energia solar em residências e empresas. Preocupados com o aumento no consumo de eletricidade no período e a consequente elevação na conta de luz, os brasileiros passam a optar por sistemas fotovoltaicos nos telhados, em busca de mais conforto térmico, redução na conta de luz e eficiência energética.
Somente no mês de setembro deste ano, houve um impulsionamento do consumo de energia em todo o território nacional, que chegou a 68.306 megawatts médios, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). O volume é 6,2% maior em comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo análise do Portal Solar, franqueadora com mais de 200 unidades espalhadas pelo País e cerca de 20 mil sistemas fotovoltaicos instalados, o aumento constante de temperatura no País tem gerado uma mudança significativa no perfil dos consumidores.
“Depois de algumas oscilações no mercado brasileiro de energia solar distribuída, percebemos uma retomada importante nos pedidos de instalação de painéis solares em nossas unidades de franquia. E um dos motivos está ligado a onda de calor e até as mudanças climáticas mais severas, como as fortes chuvas do começo do ano e dos últimos meses, que inclusive causaram vários blecautes e deslizamentos de terras”, comenta Rodolfo Meyer, CEO do Portal Solar.
Um dos exemplos de mudança recente no perfil dos consumidores é da química e empresária Maria Inês Harris, que acaba de instalar energia solar em um de seus imóveis na cidade de são Paulo. Com o apoio de um franqueado do Portal Solar na capital paulista, os painéis fotovoltaicos instalados garantiram a ela uma redução significativa na conta de luz, saindo de uma média de R$ 650 mensais para os atuais R$ 130.
“Foi um investimento no meu bem-estar. Queria poder ligar o ar-condicionado ou o aquecedor quando quisesse, sem ter que me preocupar com o valor da conta de energia. Sou muito sensível ao calor”, dia Maria Inês.
Quem também aproveitou as vantagens da energia solar neste período é o advogado Diego do Nascimento Kiçula, que instalou recentemente painéis solares em sua residência na cidade de São Paulo, também utilizando o serviço de uma franquia do Portal Solar. A conta de luz dele baixou de R$ 800 mensais em média para cerca de R$ 54 ao mês.
“Decidi instalar o equipamento de energia solar, primeiramente, porque a minha família sempre teve uma pegada mais sustentável. Além disso, eu vivo em uma família muito grande: somos em sete pessoas em casa, e estávamos buscando uma solução que, além de garantir uma maior economia na conta de luz, também nos preveniria de ficar sofrendo as variações das bandeiras tarifárias”, conta o advogado.
De acordo com mapeamento do Portal Solar, o Brasil possui atualmente mais de 24,4 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos e abastecem mais de 3 milhões de unidades consumidoras no País.
Ainda mais calor A elevação da perspectiva de um El Niño mais severo no Brasil e na própria América do Sul, conforme mostra projeções recentes divulgadas pela consultoria Rystad Energy, deve impactar o preço da energia elétrica aos consumidores brasileiros no próximo ano, justamente pela possibilidade de baixa dos reservatórios hidrelétrico e o consequente acionamento de usinas termelétricas a base de combustíveis fósseis, que são caras e poluentes.
As análises mostram que o fenômeno climático do El Niño em 2024, com a iminência de alterar regime de chuvas e criar um ambiente de escassez hídrica que impacta diretamente nas condições de geração das usinas hidrelétricas no Brasil, pode ampliar ainda mais a competividade da geração própria de energia solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos aos consumidores que buscam por alterativas viáveis e rentáveis no País.
Para O CEO do Portal Solar, o mercado de energia solar deve entrar em novo círculo virtuoso no próximo ano, com crescimento em níveis mais robustos. “Ainda há uma incerteza no preço da tarifa de energia para os brasileiros em 2024, mas a previsão de um ciclo climático mais rigoroso e a baixa densidade de chuvas, certamente vai ampliar a demanda pela energia solar como alternativa de segurança de suprimento e redução de gasto”, explica. “Vale lembrar também que atual onda de calor que afeta o País provoca aumento no consumo de eletricidade em todo o território e pressiona ainda mais o recurso hídrico na matriz elétrica nacional”, acrescenta Meyer.
A consultoria Rystad Energy prevê que o fenômeno deverá impactar de forma diferente as regiões do Brasil, em razão do tamanho e da matriz elétrica do País. De maneira geral, é esperada uma temperatura acima da média, com mais chuvas na região Sul, enquanto o Norte e o Nordeste podem enfrentar períodos de seca.
A projeção estima que os preços de energia elétrica devem permanecer abaixo de US$ 20/MWh pela maior parte de 2024, mas o preço spot (mercado de curto prazo) poderá aumentar no Nordeste no final do ano, caso os reservatórios não se recuperem plenamente na próxima temporada de chuvas.