Casas que imitam flores podem captar mais energia solar

09/03/21 | São Paulo

Reportagem publicada no InfoSolar

As ‘casas girassóis’ ou Sunflower House, projetadas pelo lendário arquiteto japonês Koichi Takada, podem ser consideradas o futuro de uma arquitetura menos invasiva e mais sustentável. A estrutura em forma de girassol é? alimentada por energia solar a partir de um grande gerador fotovoltaico como teto. O sistema gira para captar ainda mais a luz do sol e assim produzir mais eletricidade.

Da mesma forma que fazem as flores, a casa acompanha o movimento do sol e permite uma produção 40% maior de energia no mesmo espaço de tempo. Além do sistema para produzir energia solar, o projeto também utiliza a coleta de água da chuva e um sistema de aquecimento solar térmico para o inverno. Cada construção pode ter até três andares, com apartamentos entre dois e três quartos, e foi inspirado especificamente nos girassóis de Umbria, no centro da Itália.

“A ideia é criar uma mudança ambiental positiva nas casas em que vivemos, na vizinhança na qual trabalhamos e brincamos, e por fim no planeta que temos o privilégio de habitar”, comentou Takada, acrescentando que arquitetos falam sobre se inspirar na natureza no sentido estético, mas é preciso ir muito mais fundo do que isso. “O arquiteto também é conhecido por desafiar pares profissionais e até mesmo a criar novas formas da arquitetura se tornar ambientalmente responsável.”

Takeda explica que o uso da biomimética ou dos estudos das estruturas e padrões naturais é um caminho fundamental para alcançar tal responsabilidade – reproduzindo não somente a superficialidade de suas estéticas, mas aumenta seus benefícios ambientais. “As mudanças climáticas precisam ser catalizadoras para mudanças positivas que aparecem em nossas casas. Pelo futuro de nosso planeta, precisamos mudar da lógica industrial para uma visão natural. Assim, precisamos de uma arquitetura cinética e viva, que respeite o ambiente enquanto melhora o bem-estar dos humanos que a habitem.”

O girassol, flor que gira em direção ao sol, também inspirou James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, a criar uma solução para produzir energia renovável para a escola vegana Muse School. Localizada em Calabasas, na Califórnia, a escola conta com cinco girassóis fotovoltaicos para gerar eletricidade e alimentar o campus, sem produzir emissões. Eles foram instalados recentemente em uma área de cerca de 9 hectares, o Malibu Canyon no campus, e estão gerando cerca de 300 kWh por dia.

Um painel digital controla exatamente a quantidade de energia gerada e o quanto é consumido por Muse. A ideia é compensar o consumo de energia da escola frequentada por crianças (de idades entre 2 a 14 anos) a uma percentagem entre 75% e 90%, à frente da meta mais ambiciosa no futuro, de chegar a 100%. O design, ainda com patente pendente, será disponibilizado gratuitamente e open-source, para incentivar o seu uso.

O sistema também se move em busca do sol para produzir uma quantidade maior de energia. Dentro da flor, há um tracker que usa cálculos astronômicos para determinar a posição do sol. Um anemômetro é utilizado para medir a velocidade do vento, e quando é demasiado alta, o sistema se fecha.