Célula fotovoltaica de silício negro supera o limite de 100% de eficiência

20/08/20 | São Paulo

Inovação Tecnológica
 
Pela primeira vez, uma célula fotovoltaica excedeu o limite de 100% de eficiência, que antes era considerado o máximo teórico em termos de eficiência quântica externa.

Trata-se de um fotodetector feito com silício negro, que atingiu eficiência acima de 130%.

A eficiência quântica externa de um dispositivo é de 100% quando um fóton que entra gera um elétron para o circuito externo – uma eficiência de 130% significa que um fóton que entra gera aproximadamente 1,3 elétrons.

"Quando vimos os resultados, mal podíamos acreditar em nossos olhos. Imediatamente quisemos verificar os resultados por medições independentes," contou a professora Hele Savin, da Universidade Aalto, na Finlândia. As aferições independentes foram realizadas pela Agência Nacional de Metrologia da Alemanha (PTB).

"Depois de ver os resultados, percebi imediatamente que este é um avanço significativo e, ao mesmo tempo, um avanço muito bem-vindo para nós, metrologistas que sonhamos com sensitividades mais altas," disse Lutz Werner, responsável pelas medições.

O uso dessas nanoestruturas poderá ajudar a melhorar praticamente todos os dispositivos fotônicos.

Eficiência quântica

A equipe descobriu que a origem da eficiência quântica externa excepcionalmente alta está no processo de multiplicação dos portadores de carga dentro das nanoestruturas de silício negro, processo esse que é induzido por fótons de alta energia. O fenômeno nunca havia sido observado antes em dispositivos reais, uma vez que a presença de perdas elétricas e ópticas nos materiais normalmente reduz o número de elétrons coletados.

Na prática, a eficiência recorde significa que o desempenho de qualquer dispositivo que utilize detecção de luz pode ser drasticamente melhorado – de sensores de fótons individuais para computação quântica até células solares.

"Nossos detectores estão ganhando muita atração no momento, especialmente em biotecnologia e monitoramento de processos industriais," contou o professor Mikko Juntunen, que está liderando o esforço para criar uma empresa subsidiária da Universidade Aalto para comercializar as novas células fotovoltaicas.