Cenário político-econômico gera incertezas para empreendedores e investidores do setor solar

27/03/21 | São Paulo

Reportagem publicada no InfoSolar

O atual cenário político-econômico, incluindo o andamento de reformas estruturantes, gera incertezas para empreendedores e investidores do setor solar fotovoltaico, afirmou o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. A fala foi feita durante webinar promovido essa semana pela Fundação Getúlio Vargas.

“De uma forma geral, para os empreendedores, consumidores e investidores que estão nessa cadeia, viabilizando os projetos, ainda restam muitas incertezas em relação a essas mudanças político-econômicas. Temos entre essas questões o câmbio. Como ele vai oscilar ao longo dos próximos meses e anos? Lembrando que os projetos têm um período de maturação que varia de dois a três anos. É difícil antever no momento tão diferente que estamos vivendo”, declarou Sauaia.

“O próprio cenário das taxas de juros, que pode ter mudanças, e a pressão inflacionária, tudo isso vai impactar os vários fatores que compõem as planilhas de cálculo para avaliar a viabilidade de projetos de usinas de geração centralizada”, assinalou o dirigente.

Além dessa conjuntura de difícil previsibilidade, ele mencionou como ponto de atenção as discussões de reformas, como a tributária. “Na nossa visão como associação setorial, é preciso garantir que essa reforma não venha com retrocessos para o avanço da fonte solar e das renováveis de uma forma geral.”

O dirigente usou como exemplo o Regime Especial de Incentivos Para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI). “É um programa que apoia o desenvolvimento de grandes usinas e tem um papel importante para fazer com estes projetos de infraestrutura estratégicos para o Brasil tenham competitividade.”

“É importante que a reforma tributária incorpore esses requisitos estratégicos e de sustentabilidade para que tenhamos drivers de suporte para a economia brasileira avançar na direção de uma recuperação sustentável. Muito pode ser feito em relação a tributação nesse sentido”, destacou Sauaia.

“Mas a verdade é que nós ainda estamos aguardando, existem diferentes projetos de reforma tributária sendo discutidos e não há uma clareza ainda para os investidores de qual será o texto final aprovado e sancionado como lei.”

Ele também avaliou ainda que outro aspecto relevante nesse cenário é a atração e investimentos. “Isso significa poder fazer com que as grandes instituições financeiras olhem para o Brasil como uma país de destino prioritário. Historicamente, nós conseguimos fazer isso com bastante qualidade, mas, em alguns momentos, nós damos sinais desencontrados que precisam ser avaliados para não afugentar investidores.”

“Nesse sentido, cabe um trabalho de posicionamento da política do país no viés internacional, como o Brasil se coloca como um ambiente seguro e adequado para atrair esses investidores.”