Copel pesquisa sistema de gestão inteligente para geração distribuída

03/07/20 | São Paulo

Brasil Energia 

Inversor híbrido, alternância entre fontes e segurança no fornecimento estão entre prerrogativas de projeto conjunto

A Copel pesquisa, em conjunto com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a NHS Sistemas de Energia, solução que promete otimizar a geração distribuída por painéis fotovoltaicos. A tecnologia conta com gerenciamento inteligente, inversor híbrido e traria mais segurança no fornecimento ao viabilizar a alternância entre fontes.

Trata-se de sistema que permite não apenas o uso da energia solar produzida, mas também, o armazenamento do excedente em baterias especialmente adaptadas e a gestão inteligente de toda a energia gerada e consumida, com comunicação direta com a rede da distribuidora.

O armazenamento e gerenciamento inteligentes são possíveis graças ao uso de um equipamento, o Inversor Solar On Grid Híbrido, combinado a um software específico.

A NHS, desenvolvedora do inversor, trabalha junto com a Copel e a UFSM para adequar o projeto de forma a permitir a exploração da funcionalidade de gerenciar energia em conexão com a distribuidora.

A partir daí foram feitos protótipos que estão sendo testados em duas plantas-piloto, uma em um dos polos da Copel, em Curitiba, e outra no campus da UFSM.

Como funciona

O inversor é formado por baterias adaptadas para armazenamento de energia e une a possibilidade de usar a energia gerada pelos painéis, a armazenada nas baterias ou a energia da rede da distribuidora – ou seja, aplicar funcionalidades híbridas de acordo com a necessidade ou comandos dados pelo cliente ou pela distribuidora.

O uso alternado é possível graças ao trabalho otimizado com as três opções de fontes. Se o gerador consegue produzir mais do que consome num determinado momento, o sistema armazena essa energia e injeta o excedente na rede da distribuidora; já num momento de baixa produção ele pode usar a energia armazenada. A ideia é que a transição entre as fontes seja imperceptível para o consumidor.

“O sistema consegue perceber a necessidade de climatização do ar-condicionado conforme o número de pessoas no ambiente e adequar a temperatura, controlando o equipamento automaticamente”, diz o engenheiro Zeno Nadal, também do Departamento de Projetos Especiais da Copel.

A iluminação também é alimentada conforme a fonte de energia mais abundante no momento e a necessidade do local. “É basicamente um administrador de cargas que sabe reconhecer como os equipamentos precisam ser alimentados naquele local e naquele momento.”

Escala comercial

Para produzir o equipamento em larga escala e ter o sistema funcionando na casa das pessoas, ainda é preciso concluir o projeto de pesquisa do software de gerenciamento e finalizar trâmites de homologação junto ao Inmetro e a concessionárias de energia – o que já está em processo.

Em termos de produto, o inversor híbrido é um avanço para o consumidor por permitir a gestão total das cargas usando um só equipamento.

“Hoje, as soluções mais comuns de sistemas híbridos dependem de mais de um equipamento para gerar energia solar fotovoltaica, alimentar as cargas críticas e armazenar o excedente. Tendo essas funcionalidades agrupadas em um produto com sistema de gerenciamento, o consumidor usufrui do máximo potencial da solução e não fica desassistido em casos de interrupções do fornecimento”, explica o especialista de produtos da NHS, Pedro Dossi.

No futuro, o consumidor também poderá se beneficiar quando houver diferenças tarifárias conforme horários de consumo.

Hoje, isso existe na modalidade da tarifa branca; no entanto, o tema já passa por estudos de ampliação: nos horários de energia mais barata, o cliente usaria energia da rede da distribuidora. Quando fica mais cara, passaria a usar do sistema de baterias.

Segurança no fornecimento

Já a Copel, enquanto concessionária, terá uma solução que pode ser adequada aos medidores inteligentes, em uma realidade de smart grid, para gerenciar a energia da rede em compartilhamento com os geradores individuais. “Imagine um condomínio ou várias casas com o sistema de armazenamento instalado.

Numa situação de sobrecarga na rede, por exemplo, a Copel pode interagir no sistema e ‘tirar’ todas as casas da rede da distribuidora de forma automática. O mesmo pode acontecer durante temporais.

Quando se sabe que o risco de desligamento será grande em uma determinada região, a Copel se antecipa e manda o sistema fazer um armazenamento.

Assim, se houver o corte de fornecimento, o consumidor passa a receber essa energia armazenada, de forma dinâmica e automática”, explica Nadal. E o projeto caminha para que o veículo elétrico seja mais uma fonte de energia a compor o sistema.

A coordenadora do projeto pela UFSM, professora Luciane Canha, destaca o sistema como resultado do interesse mútuo em levar as inovações desenvolvidas nas universidades para além do limite de seus muros.

“Fechamos um ciclo virtuoso em que a gente coloca a academia, a indústria e a sociedade, tendo o benefício de um projeto estratégico, que é fundamental para o desenvolvimento da indústria no Brasil”, pontua.

O projeto de P&D integrou a chamada 21/2016 da Aneel.