09/10/17 | São Paulo
Enquanto o governo restringe o uso da água do São Francisco para geração de energia e, assim, preservar o consumo humano e animal, as chamadas fontes alternativas crescem mais a cada ano. Já existem mais de 10 mil conexões de micro e minigeração distribuída implantadas no País, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). E, por incrível que pareça, grande parte disso foi instalado no ano passado. Geração distribuída é a que ocorre próxima ao consumo com a instalação de um pequeno sistema que produz a energia, permitindo “descontar” o que foi produzido da conta de energia do cliente mensalmente. A partir daí, esse consumidor passa a pagar na tarifa somente o que consome a mais do que produz. A fonte mais utilizada pelos consumidores-geradores é a solar com 10.280 adesões, seguida da eólica com 50 instalações.
Somente para se ter uma ideia, eram apenas 7.610 conexões de geração distribuídas em janeiro do ano passado. Atualmente, quem mais aderiu a geração distribuída foram os empreendimentos comerciais que respondem por 1.762 conexões com uma potência instalada de 47,7 mil quilowatts. Os consumidores residenciais ocupam o segundo lugar neste ranking com 9.004 conexões e uma potência instalada para produzir 38 mil quilowatts. A instalação de painéis de geração solar cresceu 270% no Brasil, quando se compara 2016 com o ano anterior.
“Isso demonstra que a geração distribuída solar fotovoltaica avança mesmo em tempo de incerteza econômica e política do País, comprovando ser uma tecnologia de grande potencial e uma oportunidade de redução de custos para a população e empresas brasileiras”, diz o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia.
A economia de quem decide gerar uma parte da sua energia é grande porque quem produz a energia passa a consumir menos do Sistema Interligado Nacional (SIN) e também a monitorar o seu consumo. Na geração distribuída, também não há perdas com o transporte de energia, como ocorre com a produção das grandes hidrelétricas localizadas distantes dos grandes centros consumidores.
Geralmente, um sistema de geração de energia solar dura 20 anos e o consumidor consegue pagar o investimento entre oito e nove anos, com a economia que ocorre na sua conta de luz. O aumento da implantação dos sistemas solares traz consequências para toda a cadeia produtiva. “A Fronius obteve um crescimento de 160% com a venda de inversores, comparando 2016 com o ano anterior. Estamos muito felizes com este retorno, pois demonstra o quanto o mercado brasileiro tem a crescer”, diz o vendedor técnico da Fronius, Denilson Tinim. A Fronius fabrica os inversores, equipamento usado num sistema de geração fotovoltaica para converter a energia solar em corrente alternada. Depois disso, essa energia pode ser colocada na rede elétrica do consumidor residencial. Segundo Denilson, um pequeno sistema de geração solar para uma residência de classe média com quatro pessoas pode custar cerca de R$ 18 mil, “ deixando o imóvel mais sustentável e valorizado”.
Até 2024, devem estar instalados no Brasil cerca de 1,2 milhão de geradores de energia solar em casas e empresas, segundo informações da Aneel.