Crescimento, desafios do mercado e por que empresas sem energia solar podem se tornar ultrapassadas?

15/07/22 | São Paulo

Reportagem publicada pela Gazeta do Povo

Inesgotável fonte de energia renovável, o sistema de energia solar cresceu em larga escala no Brasil nos últimos anos. Recentemente, o país foi reconhecido pela Agência Internacional de Energias (Irena) e pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) como o quarto país que mais acrescentou capacidade de fonte fotovoltaica em 2021.

De acordo com o levantamento, o Brasil adicionou cerca de 5,7 gigawatts (GW) de capacidade a partir de usinas de geração solar no ano passado, número que engloba tanto instalações em residências quanto em empresas. O estudo é fiel aos dados de faturamento das grandes companhias distribuidoras e instaladoras desse sistema, que está em franco crescimento no país, motivado por fatores como altos preços da energia elétrica no Brasil. Outros motivos incluem a queda de preços dos sistemas fotovoltaicos, as linhas de financiamento facilitadas, as condições climáticas favoráveis no país, o baixo custo de manutenção do sistema fotovoltaico e o tema da sustentabilidade.

O cenário aponta para a presença dos fotovoltaicos gerando cada vez mais energia para as residências, comércio, empresas e, em plena florescência do tema ESG, aqueles que ignorarem questões ambientais – inclui-se a energia solar – estarão ultrapassados.

Para ajudar a “incentivar” empresários, há vários motivos para instalar um sistema de energia solar. Primeiramente, ele gera um ecossistema extremamente saudável para a sociedade, pois, interage com diferentes aspectos, como o ecológico, por ser uma energia limpa, social, por gerar um número enorme de empregos para instaladores e integradores de equipamentos, e econômico, por possibilitar uma economia real e efetiva a várias famílias nos gastos com energia elétrica. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), desde 2012 a fonte fotovoltaica já trouxe ao Brasil mais de R$ 66,3 bilhões em novos investimentos, R$ 17,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 390 mil empregos.

Atualmente, a maioria dos geradores fotovoltaicos instalados em empresas e residências no Brasil são do sistema on-grid, que transformam energia solar em energia elétrica durante o dia para o auto consumo ou para injetar como crédito na rede elétrica, contudo, impossibilitando a sua armazenagem para o auto consumo. É aí que entra o sistema off-grid, que armazena sua carga de energia durante o dia por meio de banco de baterias, para ser utilizada posteriormente, por exemplo, no horário noturno.

Um dos desafios do mercado é que, hoje, poucas empresas têm capacidade de entregar esse serviço de fornecimento de forma ampla e completa, para que os integradores consigam oferecer variadas soluções aos clientes. Isso porque a vertical exige um cuidado especial para separação e industrialização dos geradores fotovoltaicos, além de espaço amplo de armazenagem dos produtos em áreas totalmente verticalizadas.

Outros pontos importantes que estão ligados aos desafios de crescimento do setor estão relacionados à pandemia e a impasses regulatórios. Atualmente, devido à política de tolerância zero à covid na China, países no mundo inteiro, incluindo o Brasil, devem sofrer com reposição de estoque no segundo semestre de 2022 e no primeiro de 2023. As novas restrições por conta do avanço da doença no país oriental, maior exportador de matéria-prima para produção de sistemas de energia solar, já atrapalham o progresso da energia renovável, visto que as medidas adotadas estão refletindo em atrasos de entrega e de transporte.

Nos últimos meses, a esfera tributária também tem se tornado outro entrave no segmento de fotovoltaicos, como as alterações recentes na Gecex (Comitê-Executivo de Gestão) e na Tipi (Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados), que causaram um emaranhado de dúvidas e interpretações quanto à manutenção dos benefícios ligados ao IPI e do ICMS.

Ainda assim, a expectativa de crescimento do setor no Brasil é extremamente positiva com relação à distribuição de fotovoltaicos. Mesmo que haja obstáculos para a evolução do segmento, as vantagens da operação do sistema de energia solar sobrepõem-se às suas desvantagens, principalmente, por conta dos avanços da preocupação ESG e do custo da energia nas concessionárias.