Crise hídrica ameaça competitividade de produtos brasileiros, diz especialista

30/08/21 | São Paulo

Reportagem publicada pela CNN Online


À CNN Rádio, Roberto Wagner Pereira cita duas vertentes que preocupam o empresariado: alta de custo e risco de racionamento, que pode afeta retomada

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que 9 a cada 10 empresários estão preocupados com a crise hídrica. Em entrevista à CNN Rádio, o especialista em energia da CNI, Roberto Wagner Pereira, disse que uma das principais questões para o empresariado é que a alta no custo da energia deve afetar a competitividade de produtos brasileiros.

Segundo o especialista, há duas vertentes que chamam a atenção do empresariado: “O aumento de custo, que deteriora a competitividade do produto nacional, e o risco de racionamento, que afeta a produção justamente em um momento que a indústria dava sinais de recuperação.”

Pereira explica que a maior parte das empresas brasileiras opera no limite, devido à pandemia de Covid-19, e variações no custo significam piora na competitividade: “No atual contexto do mercado nacional e internacional, qualquer variação de preço, o produto perde espaço, tanto internamente, quanto no mercado externo, exporta esses custos e diminui competitividade.”

Da mesma forma, na avaliação de Roberto, o repasse do custo ao consumidor é inevitável: “Todas as empresas tiveram que diminuir custo por causa da pandemia, qualquer acréscimo de valor, dificilmente o empresário tem condição de segurar [o repasse].”

“A previsão não é boa, a tendência é de que a energia se torne mais cara, e o Brasil deve sentir esse efeito até o ano que vem”, completou. De acordo com ele, “todo mundo” vai ter que participar da solução. “No caso das indústrias, boa parte já vinha investindo em programas de eficiência energética, tem outras empresas, as que têm recursos disponíveis, investindo em geração distribuída e auto-geração, qualquer medida para mitigar risco de afetar a produção.”

Além disso, Roberto destaca, há programas de redução voluntária de demanda, com troca de horários de produção para diminuir o consumo de energia em horários de pico.