Curitiba tem série de projetos para se tornar cidade de carbono neutro

14/12/21 | São Paulo

Reportagem publicada pelo G1

Capital do paraná faz parte do grupo de 1.049 cidades do mundo que se comprometem de forma mais ousada com a redução de emissão de carbono

Calor fora de época, falta de chuvas seguida por tempestades de granizo. O aquecimento global tem mudado a rotina dos curitibanos e ainda desafia os especialistas em meio ambiente. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU), a temperatura do planeta aumentou 1,07 oC, efeito provocado pela emissão de gás carbônico na atmosfera. O compromisso com a mudança deste cenário é mundial e a Prefeitura Municipal de Curitiba faz parte do grupo de 1.049 cidades que se comprometeram com a campanha Race to Zero (corrida para o zero, em tradução livre). A informação foi divulgada no balanço da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021, o COP26; e as cidades têm o compromisso de executar ações coletivas para reduzir a emissão pelo menos 1,4 gigatoneladas de carbono até 2030.

Antes disso, em 2020, a Prefeitura já havia lançado o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), um conjunto de ações que visa melhorar questões ambientais e, por consequência, a qualidade de vida dos curitibanos. Com o PLanClima, Curitiba tem metas ousadas, entre elas, tornar-se neutra em carbono até 2050.

Referência em projetos ambientais

Conhecida como “capital ecológica”, Curitiba carrega no DNA a preservação ambiental, entendendo que grandes centros urbanos precisam de ações de amplitude para manter o bem-estar da população. O PlanClima tem várias frentes de trabalho voltadas à recuperação do ambiente urbano, à redução de emissões de gases e à mitigação dos efeitos provocados pelas mudanças climáticas.

Uma dessas frentes é o programa “Amigos dos Rios”, que tem investimentos de R$ 3,5 bilhões em obras de saneamento em parceria com a Sanepar. O programa incentiva os moradores da capital a manterem as ligações de água das residências conectadas ao sistema público de esgoto, instalar e limpar caixas de gordura periodicamente, separar o lixo reciclável e doar óleo de cozinha usado. Essas boas práticas do dia a dia evitam que dejetos sejam despejados nos rios que permeiam a cidade.

Na área de preservação da flora, o programa “100 Mil Árvores” envolve a comunidade no plantio de vegetação nativa. São pelo menos 100 mil mudas por ano, distribuídas gratuitamente nos hortos municipais e plantadas conforme orientações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Nessa mesma linha, com foco em segurança alimentar, a cidade tem mais de 100 hortas municipais e uma Fazenda Urbana, todas apoiadas pela prefeitura. Os espaços contribuem para aumentar a área verde da capital e envolvem a comunidade no plantio e nos cuidados com aquilo que será alimento para a mesa dos curitibanos.

Ações para a crise hídrica

Além de incentivar a população fazer uso racional da água, a Prefeitura de Curitiba trabalha no projeto reserva hídrica do futuro, que prevê a interligação das antigas cavas do rio iguaçu para a formação de lagos e tem capacidade de reserva estimada de 43 bilhões de litros de água, suficientes para abastecer a cidade em momentos de estiagem severa. No curto prazo, poços artesianos abertos pelo município já abastecem comunidades vulneráveis, que receberam caixas d’água implantadas pela Sanepar.

A falta de água também aumenta o risco de uma crise energética, já que boa parte da matriz geradora ainda depende de grandes usinas hidrelétricas. Com o Curitiba Mais Energia, a Prefeitura tem INCENTIVADO o uso de energia limpa, proveniente de fontes alternativas de recursos renováveis. EM 2019, foram implantados painéis fotovoltaicos no Palácio 29 de Março e a cidade avança na instalação da Pirâmide Solar do Caximba, onde funcionava o aterro sanitário, em terminais de ônibus e na rodoferroviária. Com essas alternativas, o Curitiba Mais Energia estimula a geração de energia com baixa emissão de carbono. Os projetos foram selecionados pelo C40 (Cities Finance Facility) que buscam recursos para apoiar a elaboração.

Qualidade de vida

O acesso a direitos básicos como alimentação saudável, saúde e moradia tem relação direta com a adaptação às mudanças climáticas. Com o Bairro Novo do Caximba, a Prefeitura de Curitiba realiza a maior intervenção socioambiental dos últimos anos, em um projeto de gestão de riscos climáticos que prevê a realocação de famílias que vivem em áreas de risco, a implantação de um dique para contenção de cheias, a reestruturação urbana e a construção de um parque linear. Pelo menos 1.693 famílias serão beneficiadas com a transformação do bairro, que tem aporte de 47,6 milhões de euros financiados pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).

No ousado compromisso de tornar-se uma cidade carbono NEUTRO, Curitiba pretende ampliar os investimentos em mobilidade urbana. De acordo com dados divulgados pela Agência Brasil, o transporte veicular responde por 25% das emissões globais de gases de efeito estufa. Para facilitar a locomoção por outros meios, a Prefeitura investe em projetos de melhoria da infraestrutura de calçadas e ciclovias e prevê a modernização das linhas de ônibus Inter 2 e BRT Leste-Oeste, com implantação de um ligeirão ligando Pinhais à região CIC-Norte.