26/02/15 | São Paulo
A energia solar deverá ser, em breve, a mais barata forma de se produzir energia elétrica em várias regiões do mundo. E a tendência de queda nos preços da energia solar, que é forte nos últimos anos, deverá continuar, mesmo considerando-se cenários conservadores e que não incluem inovações tecnológicas revolucionárias
Estas são duas das principais conclusões de um novo estudo sobre custos de energia solar do centro de pesquisas alemão Agora Energiewende, que trabalha com mudanças climáticas.
O relatório "Current and Future Cost of Photovoltaics" estuda o custo da energia solar hoje e faz projeções para 2025 e 2050.
"Alguns analistas dizem que estamos próximos a uma 'era solar', mas outros acreditam no oposto: que a tendência de queda nos preços da energia solar irá acabar logo, pois esse mercado é erguido sobre muitos subsídios e que vai acabar em uma espécie de 'bolha solar'", diz Daniel Fuerstenwerth, diretor do projeto. "Queríamos jogar luz nesse debate e projetar o que pode acontecer no futuro.".
Os cenários com as projeções de custo da energia solar foram desenvolvidos pela Fraunhofer ISE, o maior instituto de pesquisa em energia solar da Europa – que tem uma equipe de 1.200 pessoas.
O estudo considerou projetos de grandes usinas fotovoltaicas em diferentes países da Europa, América do Norte, África, Oriente Médio, além de Austrália, Índia, China e Brazil. Os pesquisadores levaram em conta o custo de desenvolvimento dos painéis estimando o preço de cada componente. Analisaram, também, as condições climáticas locais e o custo de capital.
"Nos próximos 10 anos esperamos uma queda nos preços da energia solar produzida em grandes usinas de cerca de 30%, e de outros 30% até 2050, considerando os valores atuais", diz Fuerstenwerth
"A energia solar produzida hoje na Alemanha tem preços competitivos em relação à gerada por combustíveis fósseis e também em relação à eólica em terra", diz ele. Em 2005, o preço da energia solar produzida em grandes projetos alemães era de € 0,40 por kWh. Em 2014 estas cifras caíram para € 0,09 por kWh. O preço da energia produzida em usinas eólicas onshore varia entre € 0,06 a 0,089 por kWh, e o da energia gerada em novas usinas de gás ou carvão oscila entre € 0,07 e 0,11 por kWh.
O estudo alerta, porém, que além das condições climáticas, marcos regulatórios e financeiros são fundamentais para reduzir o custo desta energia no futuro. "Quando se instala uma usina de energia solar é preciso um grande investimento no primeiro ano, mas depois é só produzir energia. Ter um marco regulatório claro e política pública firme é outro passo-chave para o êxito da fonte.
No Brasil, a pesada carga tributária tira a competitividade da fonte, diz Rodrigo Lopes Sauaia, diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). "Hoje importar os insumos para produzir energia solar no Brasil significa arcar com uma carga tributária entre 405 e 60%", diz ele.