Demanda é principal entrave para avanço do mercado de hidrogênio verde

24/10/23 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Portal Solar

Com excesso de oferta, incentivos públicos precisam ser redirecionados para o consumo final, indica análise da BNEF

A demanda por hidrogênio verde precisa ser incentivada para acelerar o desenvolvimento do setor, aponta análise da Bloomberg New Finance (BNEF). Conforme a consultoria, os recursos públicos direcionados para o combustível, considerado essencial para a transição energética, superam US$ 300 bilhões, liderados pelos Estados Unidos e Europa.

Porém, a maior parte dos programas de financiamento apoia produtores em vez de consumidores, algo que precisa ser alterado para viabilizar as metas de descarbonização. Na avaliação da BNEF, mecanismos de incentivo e regulação precisarão ser adotados por governos ao redor do mundo.

O estudo indica que os embarques de eletrolisadores atingirá entre 1,7 GW e 2,1 GW em 2023, o dobro na comparação com o ano passado. O volume de projetos de produção de hidrogênio verde anunciados triplicará nesse ano, com 147 milhões de toneladas por ano.

Dessa forma, o suprimento anunciado de hidrogênio verde excede de longe a demanda, mas focos de procura estão surgindo nos setores de refino, siderurgia e transporte marítimo na Europa, onde incentivos para adotar tecnologias limpas são mais fortes.

Em relação ao transporte, quase 10 mil quilômetros de dutos de hidrogênio verde já foram propostos, 1% da extensão da rede global de gás natural. Cerca de 80% estão na Europa, com alguns trechos em construção.

Mercado trilionário

O hidrogênio pode ser utilizado como um combustível livre de emissões de CO2, permitindo a descarbonização de diversos setores, como a indústria e o transporte. Porém, seu processo de produção exige uma enorme quantidade de energia elétrica.

Com a redução dos custos da geração renovável, como a solar fotovoltaica, eólica e biomassa, tornou-se viável a obtenção do insumo via um processo também não emissor, resultando no hidrogênio considerado verde.

Um estudo da Deloitte estima que a cadeia de comercialização do hidrogênio deverá superar a de gás natural líquido até 2030 e gerar um mercado de US$ 1,4 trilhão anual até 2050. A expectativa é de que o Brasil seja um dos principais players globais, graças a farta oferta de recursos de geração de energia renovável, área disponível e água.

Em entrevista concedida ao Portal Solar, o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Ronaldo Koloszuk, previu que hidrogênio verde deverá movimentar R$ 1 trilhão no Brasil nos próximos quinze anos.