Em seis meses, geração distribuída instala 1 GW

13/07/20 | São Paulo

Brasil Energia 

Modalidade demorou mais de seis anos para alcançar o primeiro GW, em junho de 2019, e agora soma mais de 3,2 GW em meio a pandemia

O que demorou mais de seis anos para alcançar, a geração distribuída instalou apenas no semestre de 2020. O segmento adicionou mais de 1 GW de novos sistemas de geração de até 5 MW cada, entre janeiro e junho deste ano. Ao todo, a modalidade somava mais de 3,2 GW até o final de junho, de acordo com dados da Aneel consultados em 10/07.

Regulamentada em 2012, a geração distribuída por sistema de compensação, em que a geração do consumidor que é injetada na rede da distribuidora vira crédito para desconto na tarifa, só atingiu o seu primeiro GW instalado em meados do ano passado. Até junho de 2019, somava 1,2 GW.

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Dos 3,265 GW de capacidade contabilizados pela Aneel até 30/06, a fonte solar tem 3,08 GW instalados em geração distribuída – na centralizada, atendendo distribuidoras e consumidores livres, soma 2,9 GW. A fonte domina claramente a modalidade entre outras tecnologias.

A queda de custos, justificada não só pelo desenvolvimento tecnológico como também pela concorrência, com uma profusão de novas empresas entrando no mercado, é uma das principais explicações para o crescimento mais acelerado nos últimos anos. A popularização da modalidade também ajuda. Mas, desde o segundo semestre de 2019, há ainda o efeito da iminência de uma mudança nas regras de geração distribuída.

Novas regras

Inicialmente, as novas regras deveriam ter entrado em vigor no início deste ano. A proposta da Aneel era que os créditos gerados fossem gradualmente sendo abatidos sobre menos parcelas da tarifa de energia, até virar desconto apenas sobre o componente da tarifa que remunera a geração. As parcelas que compõe a tarifa referentes ao uso da rede da distribuidora não estariam mais sujeitas ao abatimento de créditos. A regra proposta pela Aneel era mais dura com as modalidades de geração distribuída que não estão instaladas no mesmo lugar de consumo e, portanto, provavelmente demandam mais da rede da distribuidora.

Campanhas realizadas no final ano passado, que chamavam a mudança de “taxação do sol” ganharam força com adesão popular e a Aneel acabou adiando a decisão. Enquanto isso, e diante da polêmica que o debate levantou, há expectativa de que o Congresso crie uma lei específica para legislar sobre o tema, abrindo um novo campo de disputa entre interessados no crescimento da GD – e na manutenção das regras atuais – e as distribuidoras, que esperam ser remuneradas pelo uso da sua rede.

2 GW em 2020?

O ritmo de crescimento da GD observado no primeiro semestre, apesar de representativo, não chegaria a ser uma surpresa em tempos normais. O segmento vem dobrando de tamanho ano a ano. Mas tal resultado durante uma pandemia e uma quarentena se torna ainda mais expressivo.

Uma observação mais detalhada indicaria que a pandemia afetou o crescimento da geração distribuída. Em janeiro, foram conectados 210 MW, em abril, auge do isolamento social, foram 172 MW, e finalmente, e junho, são 108,3 MW registrados na Aneel. Entretanto, é importante lembrar que quanto mais recentes os dados, maior a chance de eles serem alterados, já que a Aneel recebe as informações das distribuidoras e elas ainda podem ser atualizadas.

Historicamente, os segundos semestres têm um volume maior de capacidade instalada para a geração distribuída, o que torna possível esperar que a modalidade dobre de tamanho em 2020 adicionando mais de 2 GW.

(Foram 161 MW instalados no primeiro semestre de 2018 contra 274 MW no segundo. Em 2019, foram 579,4 MW instalados na primeira metade do ano, contra 949 MW no segundo).