Energia fotovoltaica garante economia para o agronegócio

10/08/21 | São Paulo

Reportagem publicada no G1

Produtores catarinenses têm apostado na energia renovável e celebrando a redução nas contas de luz e melhora na sustentabilidade

O agronegócio é um dos setores que mais cresce em Santa Catarina. Atualmente é responsável por 30% do PIB estadual e a cada dia, melhora a sua capacidade produtiva. Com o crescimento, vem a necessidade de encontrar maneiras mais econômicas e sustentáveis para produzir de maneira eficaz e com maior geração de lucro.

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Muitos produtores catarinenses têm optado por investir em energia fotovoltaica, que é a fonte de energia produzida através do calor e da luz solar. Apesar de parecer muito eficaz em um país ensolarado como o Brasil, ainda não está entre a principal escolha dos brasileiros.

“A energia solar ainda está longe de ser uma das mais populares entre os brasileiros: apenas 1,4% da oferta de energia elétrica foi gerada pela fonte solar no ano passado. Mesmo assim, o mercado de energia renovável/solar está em franca expansão: entre 2019 e 2020, a capacidade de geração saltou de 4,6 gigawatts (GW) para 7,5 GW no país: 63% a mais, em plena pandemia. E deve alcançar 12,6 GW neste ano de 202”, relata o presidente da empresa catarinense de energia Renovigi, Gustavo Martins.

Apesar de ainda não ser a principal fonte, a energia solar tem chegado a produtores do setor agrícola no estado. Utilizando energia renovável desde março de 2021, a BCG Agronegócio, localizada na Linha Ipiranga, no município de Cordilheira Alta, que tem como sua principal atividade a suinocultura, com operação de creches com mais 12 mil leitões, utiliza placas fotovoltaicas como fonte de energia.

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“Aqui no BCG, a energia fotovoltaica é um dos principais indicadores econômicos. O funcionamento do sistema comprovou a eficiência e está produzindo acima das expectativas iniciais. Permanecendo a economia mensal baseada no que já temos de efetivo nesses últimos meses de produção, nosso investimento retorna em aproximadamente 36 meses. Se fizermos uma conta dinheiro investido versus resultado gerado, o percentual remunerado da atividade fica bem acima de qualquer aplicação financeira que o mercado possa oferecer com um índice aproximado na casa de 3% mês”, relata um dos sócios da BCG, Marcelo Graciani.

Com mais de 30 hectares de área, o Sítio Timbaúba tem como a sua principal atividade a produção de leite. O sítio, que pertence a Enedi Zanchet, está localizado na comunidade de São Luís, no município de Arvoredo e é responsável pela produção de mil litros de leite por dia, 44 animais na ordenha e emprega três famílias na região. Ele também optou por investir em energia fotovoltaica.

“A decisão de investir em energia fotovoltaica foi pela necessidade de dar mais conforto às vacas. Foi colocado um maior número de ventiladores e com isto, o custo de energia ficou alto. Partindo do princípio de preservação do meio ambiente, onde eu já tinha feito investimento na preservação das águas, o passo seguinte no planejamento era a energia. Fiquei imensamente grato à empresa que cuidou da instalação dos equipamentos extremamente profissionais e comprometidos”, relata Zanchet.

Redução de custos e sustentabilidade

Gerir uma propriedade exige cuidado com todas as vertentes, para que ela permaneça firme e produtiva. É preciso prestar atenção em todas as questões que envolvem a produção: economia, meio ambiente e produtividade. Todos precisam ser prioridade.

Com o foco na sustentabilidade, Marcelo explica que essa foi uma das principais razões que incentivou ele e os sócios Cleomar Graciani, Nadir José Cervelin e Jandir Biavatti, a investirem na aquisição de placas para gerar energia solar.

“O principal fator foi o custo benefício e a sustentabilidade da propriedade. Tudo que é feito na propriedade é amplamente discutido e estudado para não ter surpresas desagradáveis ou fazer investimentos que não gerem retornos tanto no âmbito econômico, social ou ambiental. Questão sustentabilidade é muito clara dentro da cultura dos sócios do BCG. Na produção de suínos tínhamos a possibilidade de aproveitar o gás gerado pelos dejetos, que também trata-se de uma energia renovável, porém no âmbito econômico os custos de implantação e manutenção ficaram acima do sistema fotovoltaico”, explica Marcelo.

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A responsabilidade com o meio ambiente é algo visto como prioridade em propriedades como a do senhor Zanchet. Ele relata que, essa preocupação precisa vir do hábito mais simples ao maior investimento.

“A preservação do meio ambiente deveria ser um compromisso de todos, que vai desde separar o lixo adequadamente até para quem tem possibilidade de gerar energia limpa como no meu caso e afirmo é um excelente investimento”.

Utilizar energia renovável é algo que precisa de um investimento inicial, que, muitas vezes, pode parecer alto, mas com o pensamento em longo prazo, acaba se tornando uma boa escolha pela redução do valor da conta de luz. Gustavo Martins aponta uma mudança no comportamento estratégico da população brasileira perante o uso de energias renováveis.

“A energia solar na geração distribuída traz importantes benefícios sociais, econômicos e ambientais para toda a sociedade. Estamos em um momento em que todo o mundo busca energia renovável. E o nosso país possui sol em abundância. Este movimento de investir mais em energia sustentável se mostra ainda mais importante em momentos como o que estamos passando agora, com a crise hídrica e os elevados custos de energia. A energia solar é o caminho mais rápido para benefício para o meio ambiente e uma conta de energia mais barata. Há uma mudança de comportamento muito positiva na população, com visão estratégica de uso de recursos naturais. Com investimento em tecnologia e inovação, é possível proporcionar retorno financeiro e redução de impactos ambientais. A instalação de painéis fotovoltaicos proporciona redução de até 95% na conta de energia elétrica”, explica.

Esse movimento na economia é relatado por Zanchet, que garantiu uma redução de 70% no valor mensal da conta de energia do Sítio Timbaúba. A opção de adquirir as placas de energia solar também teve como base o aumento do custo na BCG Agronegócio.

“Quando se constitui um negócio e ele começa a rodar, juntamente com atividade, vêm os custos. Na BCG não foi diferente, os custos vieram e com eles a necessidade de minimizarmos esses custos. Elencamos diversas ações e dentre elas, a geração de energia limpa”, aponta Marcelo

Benefícios da energia fotovoltaica

As energias renováveis são chamadas desta maneira porque sua fonte é interminável. A energia fotovoltaica tem como fonte a luz e o calor do sol, e ela capta energia inclusive durante os dias nublados e chuvosos. Não ter essas fontes se torna praticamente impossível.

A preocupação com o uso de fontes mais sustentáveis é algo mundial. No ano de 2012, países filiados à Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram um tratado para assegurar o acesso universal a serviços de energia moderna e dobrar a produção de energia renovável, além de garantir maior implementação de eficiência energética, isso tudo, até 2030.

No Brasil, até 2040, 48% de toda energia consumida no país deve ter origem limpa e renovável, de acordo com o relatório BP Energy Outlook, divulgado em 2018.

Empresas como a BCG, que já estão utilizando de energias renováveis apontam os benefícios como a não poluição, a baixa necessidade de manutenção, sistema de autogeração mais barato e a resistência a problemas com fatores climáticos para a escolha desta fonte de energia.

“Sustentabilidade surgiu nas primeiras conversas da constituição da empresa. Falamos de sustentabilidade em todos os sentidos da palavra. No caso da fotovoltaica é aproveitar o recurso gerando energia limpa sem impactar o meio ambiente”, exalta Marcelo.

Porém, a economia acaba se tornando um ótimo benefício, como expressa o senhor Zanchet.

“Como bom descendente de Italianos, estou feliz com a redução da conta da luz, mas também satisfeito em saber que estou contribuindo com o meio ambiente produzindo uma energia limpa e renovável”, finaliza.