Energia fotovoltaica: Produção de “hidrogênio verde” deve alavancar setor no Ceará

26/06/21 | São Paulo

Reportagem publicada no Blog do Evandro Moreira

Com a perspectiva de receber investimentos para instalação de usinas de “hidrogênio verde”, o Ceará deverá alavancar seu atual potencial de geração solar e eólica nos próximos anos. Como essa matriz depende de fontes renováveis e as duas empresas que já manifestaram interesse em se instalar no Ceará anunciaram plantas de aproximadamente 6 gigawatts (GW) de capacidade instalada, apenas para a fase inicial, a expectativa é de que o Estado precise, pelo menos, triplicar sua capacidade atual para atender a nova demanda.

Hoje, o Ceará conta com 2,3 GW de potência instalada de eólicas e 218 megawatts (MW) de potência instalada de usinas fotovoltaicas. No entanto, considerando os empreendimentos em construção e já contratados, serão mais 3,2 GW a serem adicionados à matriz do Ceará nos próximos anos, totalizando 5,5 GW de potência instalada de usinas solares e eólicas.

No ano passado, apenas o setor de energia renovável cresceu 50% no Ceará, segundo Luís Carlos Queiroz, presidente do Sindienergia. “Com a chegada do hidrogênio verde já se fala em uma necessidade de 6 GW apenas para iniciar a produção da usina de uma das empresas interessadas”, ele diz. “Com isso, além da infraestrutura de geração precisaremos fazer muita linha de transmissão e distribuição para escoar essa energia”.

Solar

Considerando o mercado livre (no qual gerador e consumidor negociam livremente o preço da energia contratada) e regulado (mercado geral) de geração fotovoltaica, o Ceará conta com 5,4 GW de potência instalada, o equivalente a 5,5% do total do País. Já se forem considerados os projetos outorgados (contratados mas ainda sem operar), o Estado irá adicionar mais 2,4 GW à matriz solar, o equivalente a 13,4% do que será adicionado em todo o País. Os números são da consultoria Greener e apontam para o potencial de crescimento do setor no Ceará.

Considerando apenas os projetos já outorgados, o Ceará fica atrás apenas de Minas Gerais (5,1 GW), Bahia (2,9 GW), e Pernambuco (2,5 GW). E dos projetos contratados via leilão, apenas o Piauí (1,1 GW) está à frente do Ceará (992 MW) em potência fotovoltaica. Em 2020, a capacidade outorgada no Ceará apresentou crescimento de 228%, o terceiro maior crescimento registrado no País, atrás de Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Para o Brasil, a Greener estima que cerca de 4,1 GW de projetos solares de Geração Centralizada entrarão em operação até 2022.

“As perspectivas de longo prazo são bastante interessantes. Como a evolução tecnológica e a redução de custos parecem não desacelerar, avalia-se que a fonte ganhará mais relevância no fornecimento de energia para a matriz elétrica do futuro”, diz Cristiano Saboia, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no documento divulgado pela Greener. “Embora no curto prazo a situação pareça mais desafiadora, pela ausência de leilões em 2020 e pela perspectiva de contratações baixas no ambiente regulado no futuro próximo, em um horizonte mais extenso, com a retomada do crescimento da carga, a fotovoltaica seguirá sendo uma opção importante no fornecimento de energia para a matriz elétrica brasileira”.