Energia solar: em 3 anos, geração aumenta 8 vezes nas 5 maiores cidades da região de Campinas; novos subsídios chegaram ao fim

17/01/23 | São Paulo

Reportagem publicada pelo G1

O número de moradores das cinco maiores cidades da região de Campinas (SP) que aderiram à energia solar aumentou de forma expressiva nos últimos anos. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel ) apontam que, entre 2020 e este ano, a capacidade de geração desse tipo de energia em Campinas (SP) Americana (SP) Hortolândia (SP) Indaiatuba (SP) e Sumaré (SP) cresceu de quilowatts (kW) para quilowatts, cerca de oito vezes mais.

Quem investiu nesse modelo até o último dia 6 de janeiro, garantiu o pagamento de uma tarifa diferenciada até 2045, uma espécie de benefício para incentivar a instalação desta fonte. Houve tratativas no Congresso para estender o prazo por mais seis meses para a inclusão de novos subsídios, mas as conversas não avançaram.

Os números compilados pelo g1 correspondem ao total de potência instalada nas cidades nos dias 10 de janeiro de cada ano, de 2020 a 2023. Maior município da região, Campinas passou de 7.771 kW para 60.797 kW durante o período de alta.

O maior aumento, no entanto, pertence a Sumaré , que tinha 844 kW de capacidade de geração em 2020 e saltou para 10.979 kW , em 2023.

Por que a adesão aumentou tanto?

Coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Pedro Drumond afirma que o aumento dos números podem ser observados no dia a dia, com a alta demanda de interessados em aderir ao sistema.

“Primeiro, por uma demanda de todas as propriedades, que vão desde os profissionais, empresas, comércios, indústrias. Toda a sociedade tem demandado mais projetos sustentáveis e, consequentemente, a geração de electricidade com fontes renováveis. E dentro dessa demanda, a energia solar atende muito bem.”

Esse interesse, de acordo com ele, é motivado pelos benefícios trazidos pela fonte fotovoltaica.

“Ela é barata, é a fonte de energia mais barata do mundo hoje, é modular, ou seja, você consegue instalar pequenos sistemas ou grandes, utiliza, muitas vezes, áreas que você não tinha muita aplicação, como telhados ou terrenos que você não iria construir, e tem um impacto social e ambiental muito grande.”

Nova legislação pode desestimular a adesão? Uma legislação sancionada no início do ano passado garantiu uma espécie de subsídio até 2045 para quem investiu no modelo de energia solar até 6 de janeiro deste ano. A Câmara dos Deputados até chegou a aprovar uma proposta para aumentar o prazo de novos subsídios até julho , mas o texto não andou no Senado.

Na visão de Drumond, no entanto, o término do benefício não deve trazer prejuízos expressivos para os consumidores.

“Há, realmente, um impacto no payback, ou seja, no retorno de investimento do consumidor, mas é um impacto gradativo, pequeno em termos percentuais, não tira a viabilidade do sistema solar. […] Quando você pega esse pequeno aumento que vai ter em algumas contas de energia, essa taxa que a gente vai ter que pagar agora, é menor do que o custo reduzido que a energia solar vai tendo ao longo dos anos e também é menor do que o aumento do custo das tarifas. Então é diluído, ou seja, o impacto nesse investimento é praticamente zero”, explica.

Com isso, o coordenador da ABSOLAR não crê que as novas taxas provocarão um desestímulo à modalidade.

“Com certeza, não afeta. O que a gente vê é que o impacto no payback é muito pequeno, e a energia aumenta a cada ano, a tecnologia vai ficando mais barata. Então esse impacto pequeno percentual não vai interferir. […] Mesmo que o payback piore um pouco, os outros fatores positivos da energia solar são muito atrativos. A gente não enxerga nenhuma queda no avanço do setor”, enfatiza.

As vantagens da energia solar Pedro Drumond pontuou três principais vantagens de optar pela energia solar. São elas:

Redução na conta de energia

Independência energética

Impacto ambiental

Além disso, o especialista destaca que o setor movimenta a economia com geração de empregos.

“Gera muito emprego. O salário médio dos trabalhadores de energia solar é mais alto do que de outros setores da economia, inclusive de setores de geração de energia. Então você emprega muita gente e paga bem para as pessoas. E isso movimenta a economia como um todo”, finaliza.