17/09/21 | São Paulo
Reportagem publicada no Brasil Energia
Redes como Magazine Luiza, Lojas Lebes e supermercados Super Golff ampliam aposta em geração solar fotovoltaica; varejo é o que mais instala sistema fotovoltaico entre os consumidores PJ
As empresas do setor varejista estão apostando em energia solar fotovoltaica para reduzir custos e ganhar competitividade. Há aquelas que estão adotando a solução agora, impulsionadas pela crise energética, aumento na bandeira tarifária e popularização da fonte, mas também há quem já investiu em uma pequena usina e está ampliando a adesão à solar. A despesa com energia elétrica varia entre 1% e 2% do faturamento dos estabelecimentos de varejo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.
No país, o setor comercial e de serviços ocupa a segunda posição no ranking de classe de consumo de geração distribuída solar fotovoltaica, sendo responsável por 84.450 sistemas em operação (17,3% do total acumulado até 01/09) e 2.365,7 MW da potência instalada (35,8%), ficando atrás somente da classe residencial, segundo levantamento da Absolar.
Pesquisa recente feita pela consultoria Greener com 650 consumidores pessoas jurídicas de todas as macrorregiões do Brasil que instalaram sistemas fotovoltaicos de GD mostrou que mais de 74% das conexões comerciais foram de micro e pequenas empresas. Do total, 59% foram feitas a partir de 2020.
Os dados coletados na pesquisa revelam que o segmento de varejo é o que mais instala sistema fotovoltaico entre os consumidores PJ, respondendo por 38%, com destaque para os supermercados (22%) e postos de combustível (9%). Em seguida, estão os segmentos de serviços (35%), indústria (17%) e outros (10%).
Alimentício
A Platão Energia, instaladora de sistemas fotovoltaicos, possui entre seus clientes três redes de supermercados: Super Golff, Verona e Bom Dia Paraíso. O presidente da companhia, Diogo Martins Rosa, disse à Brasil Energia que esses clientes obtêm de 40% a 60% de economia na fatura mensal de energia elétrica por meio dos sistemas. Eles tendem a usar seus telhados, que costumam ser amplos, para instalação dos painéis solares.
No caso da rede Super Golff, a primeira instalação foi feita em 2017, e depois a empresa decidiu expandir aos poucos para mais unidades. A obra da última loja está na etapa final, totalizando assim 14 unidades nos municípios de Cambé e Londrina, no Paraná, com sistemas fotovoltaicos que somam cerca de 1,4 MW.
Além dos sistemas entregues aos clientes, a Platão Energia instalou este ano uma usina solar de 5 MW para atender pequenas e médias empresas (padarias, açougues, restaurantes etc.) da área de concessão da Copel por meio da modalidade de geração distribuída chamada geração compartilhada. Martins explica que os 60 consumidores atendidos por essa usina não têm a opção de fazer instalação de painéis solares em seus negócios, seja pelo local ser alugado, ter sombreamento ou por falta de capital para investir. Quem opta por alugar uma cota da produção da unidade consegue uma redução de até 25% na conta de luz.
O objetivo da Platão Energia é expandir o serviço de aluguel de usinas solares para empresas e atender também a pessoas físicas. Até o fim deste ano, vão iniciar a construção de duas centrais, uma de 5 MW e outra de 2 MW. A previsão de investimento é de R$ 30 milhões, com recursos de um grupo de investidores. A meta da companhia é construir 10 usinas solares no Paraná até 2023, o que daria cerca de 50 MW de potência instalada.
Otelmo Drebes, presidente da Lebees: “O projeto de energia fotovoltaica é um importante passo para uma Lebes cada vez mais verde’ (Divulgação)
Lebes
Já a rede Lojas Lebes, que disponibiliza um variado mix de produtos desde moda a eletrodomésticos, tem três sistemas fotovoltaicos em funcionamento desde 2019, suprindo a demanda de três unidades. Agora, a empresa estabeleceu a meta de chegar ao final de 2022 com 100% das lojas utilizando energia solar.
O presidente da Lebes, Otelmo Drebes, afirma que em breve estarão em operação outras sete miniusinas solares de telhado, totalizando 10 cidades do Rio Grande do Sul com instalações do tipo — Arroio dos Ratos, Eldorado do Sul, Nova Santa Rita, São Jerônimo, Charqueadas, Butiá, Minas do Leão, Osório, Triunfo e Pantano Grande.
A empresa também vai instalar uma usina de solo na cidade de Tapes. Com esta unidade concluída e as outras instalações de telhado, a Lebes produzirá um total de 1,4 MW de energia solar fotovoltaica e atenderá a 60 lojas de um total de 190 filiais da rede no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os investimentos nas usinas somam em torno de R$ 8 milhões.
“Além da questão ambiental, teremos também uma redução de custos em energia elétrica. Com isto podemos destinar esta receita para outros investimentos dentro da empresa”, afirma Drebes.
Atualmente, a companhia já obtém uma redução de 22% nos custos com eletricidade por meio da geração fotovoltaica. Com a conclusão das instalações citadas, a Lebes prevê produzir ainda este ano 35% da energia elétrica que consome. O executivo completa que o projeto continua no ano que vem, com expectativa de implantação de mais duas usinas de solo, para, assim, atingir a meta de todas as lojas usarem energia solar.
Magalu
A Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do país, também está apostando na fonte. A empresa possui contrato com a GreenYellow, no modelo de aluguel, que prevê a entrega de 9,3 GWh de energia solar por ano para abastecer integralmente 214 das suas 1.339 lojas no Brasil. Com mais de R$ 18 milhões de investimento realizado pela GreenYellow, o projeto envolve a energia gerada em usinas fotovoltaicas em três cidades, que têm, juntas, 4,86 MWp de potência instalada.
Usina de Coroados, da GreenYellow, para a Magalu (Divulgação – clique na imagem para ampliar)
A varejista informou que a usina de Coroados (SP) entrou em operação em abril deste ano e a de Florestópolis (PR) em maio. Já a usina de Riolândia (SP) tem previsão de começar a funcionar ainda em setembro. A estimativa de economia no gasto com energia elétrica a partir desse projeto, descartadas situações como a pandemia de Covid-19, é de que em um ano a Magazine Luiza tenha uma economia de 20% na conta de energia.
O uso da fonte solar faz parte das ações da Magalu em relação à sustentabilidade ambiental. A empresa tem planos de utilizar cerca de 20 usinas solares em todo o Brasil, número que pode crescer de acordo com a necessidade e a inaugurações de novas lojas.
Farmacêutico
A GreenYellow faz parte do grupo francês Casino, dono das redes de supermercados Pão de Açúcar e Extra. A empresa iniciou sua atuação no Brasil desenvolvendo projetos de eficiência energética e geração distribuída de energia solar para as marcas do grupo, para em seguida conquistar clientes de fora do Casino e de outros segmentos, como os da área de telecomunicações.
O Grupo Profarma também contratou a GreenYellow para fornecer energia solar. O acordo anunciado em maio foi assinado pela d1000 varejo farma, braço de varejo do grupo farmacêutico, e envolve 5,4 GWh anuais voltados para o consumo de 147 das 200 lojas por 20 anos.
A multinacional francesa investiu na implantação de três usinas solares fotovoltaicas para atender ao contrato: uma no DF e duas no RJ, totalizando 3,09 MWp. A primeira delas, de Itaperuna, já está em funcionamento e produz energia suficiente para manter 50% das lojas da Drogarias Tamoio. Ao todo, o projeto abrangerá todas as 72 unidades da rede Drogaria Rosário, no Distrito Federal, e 34 lojas das Drogarias Tamoio e 41 da Drogasmil, no estado do Rio de Janeiro.
Outra que também fechou acordo este ano com a GreenYellow é a Panvel Farmácias, para fornecimento de 4,88 GWh anuais de energia solar. A quantia é capaz de abastecer 80 lojas da rede. Para o fornecimento deste recurso serão investidos R$ 12 milhões na construção de duas usinas, com mais de 4.690 painéis solares, ambas no município de Sentinela do Sul (RS).
A iniciativa está vinculada à meta da Panvel de gerar energia renovável suficiente para suprir todas as suas lojas de rua até o fim de 2022. A empresa já possui usinas em funcionamento no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A tendência é que cresça cada vez mais o número de varejistas que usam energia solar fotovoltaica, seja por meio de projetos de geração distribuída ou compra no mercado livre.