Energia solar no semiárido vai beneficiar baianos

02/12/14 | São Paulo

Com o maior potencial para energia solar do país, a Bahia é um dos estados brasileiros que mais podem ganhar com o desenvolvimento de uma cadeia produtiva nessa área no Brasil. Não é à toa que o estado aguarda com expectativa a realização, prevista para o final deste mês, do primeiro leilão de reserva específico para a fonte. Dos 400 projetos cadastrados para participar no leilão, 161 devem ser instalados na Bahia. Ou seja: mais de 40%.

No setor, a Região Nordeste concentra os investimentos previstos, “por conta dos fatores favoráveis, sobretudo, os maiores índices de radiação do país”, como explica o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. Depois da Bahia, os estados que mais concentram projetos são Piauí (45), Pernambuco (43) e Rio Grande do Norte (42). Ainda assim, somados, eles ainda não alcançam o total de projetos previstos em terras baianas.

Potencial

“É um leilão que é realmente muito significativo para o nosso estado, pois não se trata apenas de uma questão de infraestrutura, mas porque também se traduz em real oportunidade econômica para o semiárido, onde a energia solar tem seu maior potencial”, afirmou o superintendente de Indústria e Mineração da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia, Rafael Valverde.

É justamente na região mais castigada pela seca que se concentra o maior potencial de energia solar da Bahia – sobretudo, nas margens do Rio São Francisco, nas áreas próximas ao Lago de Sobradinho. Valverde acredita que o leilão pode ser um marco de uma transformação econômica na região, igualando-se aos impactos gerados pela energia eólica hoje na Chapada Diamantina.

Valverde ressalta que, além do semi-árido e Chapada Diamantina (onde podem ser desenvolvidos projetos híbridos, com as fontes solar e eólica), distritos e complexos industriais do estado, a exemplo do Polo de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, podem também ganhar, com a atração de empresas fabricantes de peças, como as placas fotovoltaicas usadas no processo de conversão da radiação em energia elétrica.

Impacto regional

No caso da energia solar, os pesos econômico, ambiental e social dos projetos podem ser ainda maiores, a partir do leilão do dia 31: de 5 mil megawatts. A quantidade é expressiva, em comparação com a energia eólica que, desde 2009 até agora, vendeu, em todo o período, um total de 3,2 mil megawatts. “Isto mostra a importância desse leilão de energia solar, para consolidar o mercado, até mesmo porque serão firmados contratos de 20 anos, o que representa solidez para os investidores, incluindo também as empresas de produção de placas fotovoltaicas e outras peças necessárias para a implantação dos parques solares”, diz Valverde. Atualmente só existe, no Brasil, uma indústria de fabricação de placas do tipo, instalada em Minas Gerais, “que não tem condição nenhuma de atender a esse novo mercado em franca expansão”, como frisou Valverde.

Fábricas de placas

Mesmo evitando revelar maiores detalhes, o técnico da Sicm antecipou que o governo baiano já vem sendo procurado por empresas de outros países interessadas em implantar no estado fábricas de equipamentos para energia solar. Além do contrato de 20 anos, a liberação, anunciada em agosto, de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos.

motivador foi o preço de teto do leilão, estabelecido em R$ 262 por megawatt-hora, abaixo da expectativa do mercado, que chegou a cogitar um valor de R$ 300.

A Renova é uma das empresas interessadas no leilão no dia 31. Na Bahia, a companhia já desenvolve um projeto híbrido na Região Sudoeste, onde mantém parques eólicos do estado.