Falta energia elétrica para quase um milhão de brasileiros

20/10/23 | São Paulo

Reportagem publicada pelo Diário do Comércio Online

Quase um milhão de pessoas não possuem acesso à energia elétrica no Brasil, sendo que mais de 42 mil desses domicílios estão localizados em Minas Gerais. Os dados são da pesquisa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra que 99,8% da população brasileira tem o serviço disponível.

No cenário global, 733 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso à energia elétrica e 90% desses indivíduos continuarão sem eletricidade até 2030. É o que mostra o relatório “T racking SDG 7: The Energy Progress Report ”, produzido pelo Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS), Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD) e outros parceiros como a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Entre as possíveis soluções para levar luz para regiões remotas, estão os sistemas de energia fotovoltaica e o uso de luminárias solares.

A coordenadora de iluminação do Grupo Loja Elétrica, Lorena Mattos, alerta que a falta de eletricidade pode levar ao uso de combustíveis altamente poluentes e danosos para a saúde como carvão, querosene e madeira e indica a energia solar como um caminho viável. “Uma das soluções para a universalização do fornecimento elétrico é o sistema fotovoltaico, uma fonte sustentável e segura, e cada vez mais acessível graças às linhas de financiamento que podem subsidiar até 100% do investimento”, explica.

Para o gerente de produtos da Signify, empresa detentora das marcas Philips, Interact e ColorKinectis, Marcelo Takao, a evolução do setor de energia renovável possibilita alternativas ainda mais simplificadas, que dispensam a instalação de placas solares. Ele explica como funciona a luminária solar integrada com Light Emitting Diode – led’s para iluminação, bateria, controlador de carga e painel fotovoltaico.

“A solução armazena a energia solar durante o dia e acende automaticamente à noite. É um recurso durável, de longa vida útil, fácil de instalar e altamente eficaz para áreas rurais e demais regiões sem acesso à eletricidade, bem como para parques, indústrias, escolas e shoppings. Sua autonomia depende de alguns fatores, como o período de exposição à radiação solar, a eficiência e qualidade do sistema (controlador, painel, leds e bateria) e perfil de uso e dimerização, podendo ser de até duas noites de autossuporte”, descreve Marcelo Takao.

Falta de energia elétrica dificulta acesso à agua

Outro impacto da ausência de serviço de energia elétrica, especialmente em localidades remotas, sem água encanada ou sem sistema de poço artesiano, é na captação e no tratamento de água, limitando o morador a utilizar gerador a diesel ou gasolina, o que contribui para a poluição do ar e o aquecimento global. “Além da emissão de gases nocivos, o gerador a combustível tem custo de instalação elevado, assim como a sua manutenção, e exige uma série de cuidados para prevenir incêndios, vazamentos e contaminação”, alerta o técnico eletrotécnico da Loja Elétrica, Herbert Abreu.

Uma solução possível é o bombeamento de água alimentado por energia solar fotovoltaica. Segundo o especialista, o sistema pode ser submerso, quando é instalado em um reservatório, poço ou rio; e para superfície, quando a bomba é implantada nas proximidades da superfície de fontes naturais da água. “A bomba d’água solar é uma energia limpa, sem bateria, de custo baixo e simples de instalar. Seu uso pode ser residencial, na pecuária, para irrigar plantações e até mesmo reutilizar a água da chuva”, explica.