03/08/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Diário do Nordeste Online
Luís Viga, presidente da australiana Fortescue no Brasil, também acenou com provável investimento na geração de energia solar. E disse que o Brasil será o líder mundial do Hidrogênio Verde
Para os que ainda duvidam da viabilidade do Hub do Hidrogênio Verde do Pecém, o presidente no Brasil da australiana Forstescue Future Industries (FFI), Luís Viga, mandou um recado: sua empresa, com financiamento próprio, produzirá H2V no Ceará e acenou com a possibilidade de, também, gerar a energia solar fotovoltaica necessária à sua produção.
Viga prendeu a atenção do superlotado auditório principal da Federação das Indústrias do Ceará no segundo painel do Fiec Summit 2022 – “Plantas de Hidrogênio Verde no Hub de Hidrogênio Verde Ceará” – evento que reunirá até amanhã empresários, investidores, técnicos, executivos e especialistas de 18 países num debate sobre o H2V.
Ele falou diretamente de Sidney, na Austrália, onde se encontra e onde tem sede a FFI.
De acordo com Luís Viga, a Fortescue – que teve em 2021 receita de US$ 22 bilhões e tem hoje valor de mercado entre US$ 43 e US$ 45 bilhões, sendo a quarta maior mineradora do mundo – tem uma meta:
“Tornar-se a líder global do Hidrogênio Verde”, e para isso, acentuou, “o investimento no Ceará será de grande importância”.
Até 2030, a Forstescue espera estar produzindo, 15 milhões de toneladas de Hidrogênio Verde. “E após 2030, deveremos produzir 50 milhões de toneladas”, disse Luís Viga.
Ele revelou que, no Ceará, sua empresa, para movimentar a unidade industrial de produção de H2V, gerará energia solar fotovoltaica, “abrindo novos empregos no estado”.
Ele também informou que, para a produção do Hidrogênio, a Fortescue deverá utilizar água marinha dessalinizada ou água de reuso, que a Cagece já ofereceu, e garantiu que a planta industrial de H2V, a ser instalada na ZPE do Pecém, “não tirará uma só gota de água que vai para o consumo dos cearenses”.
Luís Viga, numa fala de 20 minutos, transmitiu ainda as seguintes informações:
Mais de 800 pessoas estão hoje, em várias partes do mundo, dedicadas ao trabalho de pesquisas em torno do Hidrogênio Verde;
A empresa adquiriu, recentemente, a Willians – “a mesma Willians da Fórmula 1” – cujos engenheiros estão dedicados à pesquisa em torno da produção do Hidrogênio Verde;
A Fortescue celebrou um Memorando de Entendmento (MOU, na sigla em inglês) com a Airbus para o desenvolvimento de estudos em torno de uma célula de Hidrogênio para a aviação;
A Fortescue está construindo na Austrália uma fábrica de eletrolisadores de até 2 GW (gigawatts), ao mesmo tempo em que instala em grandes caminhões de carga de mineração, em trens e em navios a tecnologia de Hdrogênio Verde desenvolvida pela empresa.
Luís Viga e de seus colegas executivos da Fortescue veem o Brasil como líder mundial do Hidrogênio Verde, e citou as razões:
“Tem energia solar e eólica onshore e offshore em abundância”; tem uma indústria renovável consolidada; tem um pujante Mercado Livre de Energia; tem um Sistema Integrado Nacional (SIN), que garante o abastecimento de todo o país; e tem uma estrutura portuária eficiente, sendo Pecém um exemplo de sucesso”.
Ele também disse que a Forstescue celebrou parceria com a Universidade Federal do Ceará, cujos cientistas estão trabalhando em pesquisas em torno do H2V.
Por fim, o presidente da Forstescue Future Industries no Brasil disse que o modelo operacional de sua empresa, inclusive no Ceará, tem três eixos:
1) Aquisição de Energia Renovável; 2) Planta de H2V e Amônia; 3) Exportação.
Moderador do painel, o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, ressaltou que a Fortescue é, neste momento, a empresa que está mais avançada no processo de providências burocráticas e práticas para o início da construção de sua planta de produção do H2V.