Geração solar é benéfica para a economia e para o meio ambiente

07/11/22 | São Paulo

Reportagem publicada pelo O Globo

A rápida expansão da energia solar no Brasil tem surtido efeitos benéficos para a economia e a preservação do meio ambiente. Desde 2018, a potência instalada aumentou oito vezes, chegando a 20 gigawatts em outubro — à frente de gás, biomassa, carvão e energia nuclear. Cerca de 10% da matriz elétrica brasileira depende hoje do sol, e há, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, potencial para crescer muito mais. A previsão é que em pouco tempo a geração solar ultrapasse a eólica e fique atrás apenas da hídrica.

Uma das explicações é que ser verde é lucrativo. O dínamo da recente transformação são os brasileiros que fizeram contas e concluíram que painéis fotovoltaicos nos telhados de suas casas ou empresas representam economia. A queda na conta de luz é imediata. O tempo para recuperar o capital investido depende de fatores como incidência de sol no local e número de placas, mas é razoável falar em cinco anos. É como se toda a energia gerada depois desse prazo fosse grátis. A extensão da vantagem depende dos equipamentos, que costumam ter garantia bem maior.

O Brasil fez bem ao criar regras para incentivar a geração limpa. Quando há sol, a energia gerada abastece a residência ou a empresa, e o excedente é lançado na rede elétrica. Em momentos de pouco ou nenhum sol, a energia volta para ser consumida.

A Lei 14.300 prevê que quem já gera energia solar ou passar a gerar até o início de janeiro poderá continuar a usar gratuitamente a rede elétrica como uma espécie de bateria até 2045. Os consumidores que investirem em placas fotovoltaicas depois desse prazo pagarão uma tarifa. Mesmo com a mudança, continuará valendo a pena, mas a vantagem será menor. É esse incentivo extra que alimenta as previsões de crescimento vigoroso até o final do ano.

Com o agravamento do aquecimento global, a matriz elétrica limpa deverá se tornar uma das forças do Brasil para atrair investimentos no setor industrial. Como a demanda por eletricidade não para de aumentar e a maior parte dos rios já foi explorada, a participação das hidrelétricas é decrescente. Cairá de 61% do total para 48% em 2031, segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Por sorte, o país conta com vastas áreas propícias à geração solar e eólica, que, juntas, deverão chegar a 30% em nove anos.

A diversificação das fontes também reduz a vulnerabilidade do sistema de geração. Com mais painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas, será possível gerenciar melhor os reservatórios de água das hidrelétricas. As demais fontes de energia — o gás, inclusive — também continuarão a ter papel relevante para manter a segurança da rede e reduzir o risco de apagões. Mas sol e vento é que garantirão o carimbo de sustentável à nossa matriz energética.