Governo de MG considera risco de apagão

22/09/21 | São Paulo

Reportagem publicada no Jornal folha da Mata

Com a escassez de chuvas, o problema se estendeu não somente em Minas, mas em todo o país, o que exige, segundo Zema, um planejamento estratégico

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que o nível de água nos reservatórios de Minas está em situação de calamidade pública, operando no limite da sua capacidade, apesar de todas as termoelétricas estarem funcionando.O risco do período de seca é o desabastecimento elétrico, que pode levar à falta de energia nos municípios. A declaração foi feita durante cerimônia, nesta quarta-feira, 22, para assinatura do termo de adesão ao processo de tombamento dos lagos de Furnas e Peixoto (este, a maior extensão de água do estado, com 1.440 quilômetros quadrados (km²), ou quatro vezes a área da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro).

“Este não é um problema que se resolve de hoje para o ano que vem, mas sim um problema que deveria ter sido resolvido há 10, 20, 30 anos. Temos visto, nos noticiários, as represas, os reservatórios de Belo Monte e Santo Antônio, produzirem apenas 3%, 4% da capacidade, porque, quando foram construídas, não foi permitida a construção de um lago. Então, temos termelétricas altamente poluidoras, caras e que penalizam o consumidor porque, no passado, tivemos opositores à construção de lagos”, acrescentou Zema.

“Claro que não é um problema de hoje, é um problema de 10, 15 anos atrás. Tivéssemos Belo Monte e Santo Antônio produzindo a energia que elas produzem em época de rios cheios, muito provavelmente os nossos reservatórios aqui de Minas teriam sido poupados. Então, como todo o sistema de energia é conectado, quando algo dá errado em algum lugar, reflete-se em outro”, completou.

“Precisamos de um planejamento feito agora para se refletir daqui a 5 a 10 anos e também de um pouco de chuva. A falta dela tem nos castigado”, disse e aproveitou para falar sobre a necessidade do uso outras matrizes energéticas no país, como a fotovoltaica e a eólica: “Espero que em breve possamos ter uma energia mais limpa, mais barata e que preserva o nível dos nossos reservatórios”, pontuou.

Ele criticou o nível operacional das duas grandes usinas construídas, respectivamente, na bacia do Rio Xingu, no Pará, e em Rondônia, no Rio Madeira. “Como todo o sistema de energia é conectado, quando algo dá errado em algum lugar, reflete-se em outro”, completou Zema, que afirmou estar discutindo a questão com autoridades federais.

RESTRIÇÕES

A falta de chuva e a consequente escassez hídrica já forçou o governo mineiro a restringir a captação e o uso da água no estado. No início do mês, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) prorrogou até 15 de outubro a declaração de situação crítica na Bacia do Rio Suaçuí Grande, no Vale do Rio Doce, limitando a captação de água para indústrias, irrigação e consumo humano.

Com a declaração de escassez, impõem-se a todas as captações de água superficial as seguintes restrições de uso:

redução de 20% do volume diário outorgado para as captações de água para a finalidade de consumo humano, dessedentação animal e abastecimento público;

redução de 25% para a finalidade de irrigação;

redução 30% para as captações de água para a finalidade de consumo industrial e agroindustrial;

redução de 50% do volume outorgado para as demais finalidades.

O descumprimento das restrições pode resultar na suspensão total dos direitos de uso de recursos hídricos até o fim da vigência da situação crítica de escassez hídrica.